3 de abril de 2011

EDUCAR PARA O AMOR

Leo Buscaglia, autor dos livros: ”Vivendo, Amando e Aprendendo”. Conta que pessoas que tem sentimentos e não tem medo de exibir suas emoções. Ou seja, pessoas que amam e são felizes nesse amor. São pessoas plenamente realizadas, porque gostam de viver.  Ele conta a história de uma aluna, garota inteligente e sensível, que era muito querida por todos os colegas da universidade.

E num belo dia ela caminhou para os rochedos, a beira mar, e pulou para morte. Conta Buscaglia: “Jamais consegui esquecer seus olhos vivos, ativos, suscetíveis e cheios de promessas. O que eu sabia sobre sua vida real?”

Creio que o professor não sabia nada desta jovem, assim como muitas pessoas em situações que nós conhecemos superficialmente passam sem nunca ser conhecidas como realmente são ou compreendidas como gostaríamos que fossem.

Foi a partir desse episódio que o professor Leo Buscaglia iniciou um curso experimental. A idéia era de um grupo informal, com comparecimento voluntario. Seria dedicado ao crescimento pessoal. Argumenta Buscaglia, “meu desejo era que tivesse uma estrutura definitiva, ainda que sem rigor, e que fosse de grande interesse e importância para os estudantes. Que estivesse relacionado, com suas experiências imediatas. Os estudantes com os quais me relacionava tinham, mais do que nunca, interesse na vida, no viver, no sexo, no crescimento, na responsabilidade, na morte e na esperança. Sonhavam com o um futuro promissor. É claro que o único assunto que abarcava era o amor”, comenta Buscaglia, “embora soubesse que não poderia ensinar no sentido acadêmico um curso sobre o amor”.
E nós educadores às vezes nos sentimos impotentes ao levar para sala de aulas temas como amor e sexo. Nossa educação é feita para tudo, menos para educar. É realmente feita para quebrar qualquer personalidade. A educação que os jovens recebem é para que eles sigam um modelo machista. Uma das maiores reclamações entre os jovens de hoje é a de que, apesar de receberem atenção material, sentem-se privados de um relacionamento íntimo com os seus pais.
Curso do amor foi o titulo dado por Leo Buscaglia, que resultou num livro que, como ele mesmo diz; não pretende ser didático, filosófico ou um trabalho definitivo sobre o amor. É mais uma divulgação de algumas idéias, sensações e observações práticas e vitais desses jovens estudantes, que parecem relevantes para as condições humanas.
“Pode-se dizer que o livro teve mais de 400 autores”, diz Buscaglia. Um dos seus alunos concluiu: “acho que o amor é muito parecido com o espelho. Quando amo alguém, essa pessoa torna-se meu espelho e eu me torno o dela; e refletindo-se no amor do outro, vemos o infinito”.
Para mim o amor é uma interação dinâmica, vivida em todos os momentos da vida, durante toda minha vida. É tudo a todo instante. O amor é um sentido de prazer e felicidade. O amor aplica-se à afeição do homem e da mulher. Imagino que aí que ele se acha mais encarnado, mais sensível e figurado pelos movimentos do sangue nos dois corpos.
Acredito que o amor é fruto de uma amizade constituída. Vivi isto e vivo para isto. Primeiro construo o alicerce, depois levanto os primeiros pilares deste complexo que é o amor. Conheço educadores com os quais aprendo. Pessoas realmente comprometidas com a vida e com aquilo que fazem. Para estes o amor é a única resposta ao problema da existência humana. O mistério escondido, a bondade e o sentido de cada coisa não se alcançam só pelo conhecimento. É preciso ainda uma aposta razoável de que, atrás do mau, tudo é bom, de que atrás das nuvens o sol brilha. Esta certeza é a fé que tenho de que o amor é fundamental para a espécie humana. É o adubo que necessitamos, para viver em harmonia com os demais seres vivos.
É muito bom encontrar pessoas que realmente amam a vida, cuja vocação é educar. Que desenvolvem trabalho centralizado no amor, na fé e na esperança. Como é o caso da educadora Claudete Lourenço, minha conterrânea de Botucatu, uma cidade localizada no interior do Estado de São Paulo. Ela tinha uma reflexão sobre a vida muito profunda e verdadeira, que se traduzia no seguinte: ”A maioria das pessoas renuncia ao amor desde muito cedo na vida, não acreditam nos seus ideais, desistem de buscar o que realmente as tornam felizes”. A Claudete, foi a minha grande incentivadora, ensinou-me a ter gosto pela leitura. A descoberta do conhecimento. O primeiro livro que li com profundidade foi “Capitães da Areia”, indicado por ela para um trabalho extraclasse. Gostei tanto dessa história contada por Jorge Amado, que sob a orientação da Claudete, li toda a obra desse grande escritor baiano. Através da Claudete passei acreditar que existia um potencial a ser desenvolvido. É importante assinalar que o conceito potência e ato foram desenvolvidos pelo filósofo grego Aristóteles, para resolver a contradição entre o estático e permanente do ser em oposição ao movimento e transitoriedade das coisas. Ou seja, aquilo que ainda não é, mas pode vir a ser. A palavra tem muita força. A educadora Claudete Lourenço é o nosso exemplo, de que é possível transformar pessoas através da educação, pautado no amor. Entretanto, o mundo só começara a se fazer humano quando tivermos consciência e passarmos a agir com amor, gentileza e respeito. Assim teremos um mundo mais ético, feliz e mais consciente. Tendo em vista, que a mãe natureza é sabia.
Portanto, penso que, para ensinar o amor, temos que compreendê-lo. Ninguém pode ensinar aquilo que não compreende. Compreender o amor é o mergulho na origem da vida. É resgatar o mundo do egoísmo. É educar-se para a vida. A vida que não se vê. Mas podemos sentir o que é viver compartilhando com os seres vivos o mistério da vida.

2 comentários:

  1. Eduardo
    Texto muito bom!
    Que bom seria se, a maioria dos professores fosse 'educadores' no real sentido da palavra. Educar é amar. Amar de maneira incondicional.Concordo plenamente!

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  2. EDUARDO
    È uma SÀBIA importante e inteligente!lição!
    *EDUCAR PARA O AMOR*acredito sim que o amor é fruto de uma amizade bem construida,construções e pilares deste complexo que é o AMOR!NÂO esquecendo,que o amor primeiro é o AMOR por nos mesmo,pois só assim teremos a sintonia do AMOR e do mistério escondido,com sentimentos de amor, bondade e compaixão que temos medo de revelar!É preciso termos palavras construtivas e positivas,acreditando que é inevitável os sofrimentos e angustias,mas com isso crescemos e começamos a ver o sol atraz das nuvens!Começando aprender construir o AMOR dentro de nós e ensinando esse amor!E com respeito e amizade pelas novas gerações,é com certeza e fé que acredito no amor!

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