5 de abril de 2011

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR

O amor é uma força ativa no ser humano, uma ação que produz mudanças numa situação existente pela energia humana que nela é empregada. Não é um afeto passivo. É um crescimento e não uma queda. O amor é doação, é um entregar-se, antes dar que receber. Dar sem a exigência da troca, da retribuição. Dar sem sentir lesado, empobrecido. Amar não é cobrar do outro amor. Se há cobrança não pode se dizer que ama. É simplesmente um gostar de mim no outro. Estou projetando nele a minha necessidade, ele me é conveniente naquele momento. Isto não é amor e sim paixão. Idealizo o outro e moldo de acordo com os meus interesses.

Ao dar amor colocamos a prova nossa força, a expressão de nossa vitalidade. Damos aquilo que temos de vivo em nós que é: a alegria, o interesse pela vida, a compreensão, o bom humor, o conhecimento e até as nossas tristezas e angústias.

Entretanto, a partir dessa expressão natural, ocorre a manifestação do amor por todo o meu corpo, por todo o meu Ser. Ao mesmo tempo enriqueço a outra pessoa com o meu gesto de afeto e ternura.

Esta comunicação muitas vezes não é verbal e sim fisiológica. Nesse momento do encontro é liberada no cérebro uma substância química chamada beta endorfina, que tem muito a ver com o comportamento de proximidade, contato físico, abraços, carinho e carícias. Faz-nos sentir próximo e também nos acalma. O nosso corpo é um instrumento de comunicação mais verdadeiro, quase nunca consegue disfarçar suas reações emocionais. No corpo tudo aparece. Basta olharmos com atenção para as pessoas que logo saberemos o que estão sentindo, querendo e experimentando. Se as pessoas negassem menos os sentimentos que sentem, com certeza sofreriam menos. Mas nega-se tudo que é bom para a alma e prazeroso para o corpo. Tocar com carinho não pode, mas bater pode, sentir prazer não pode, mas xingar o outro e fazer fofoca pode. Estamos sempre predispostos a maltrar outro e nos moltrar também. Afinal, o sofrimento é de ambos. 

Cada vez mais estão aparecendo livros interessantes, mostrando a importância fundamental das emoções na vida. Não só as emoções negativas que produzem praticamente a maioria das doenças. Mas as emoções positivas que trazem a saúde, a felicidade e a alegria.

Quando se está encantado com alguém, a melhor coisa do mundo é estar junto o maior tempo possível. Não só porque é muito bom, mas porque nesse período estão ocorrendo trocas vitais, extremamente importantes entre as duas pessoas, que são sentidas e experimentadas no corpo. Quando a gente encontra uma pessoa que impressiona bastante é muito importante ficar perto dessa pessoa e chegar o mais que puder. Porque na verdade, quem eu amo é o meu Guru. É com esta pessoa que tenho que aprender coisas na vida ou trocar coisas na vida. São as necessidades vitais, importantes, fundamentais para a sobrevivência humana.

Usa-se com certa freqüência uma couraça muscular, que torna as pessoas indiferentes a tudo o que vêem e sentem. O termo desmascarar significa dizer para essas pessoas que o que elas estão mostrando não é o que estão sentindo. Fala-se de um jeito e se mostra de outro. Digamos que estou numa sala de espera, onde posso controlar várias câmeras de vídeos, sem que as pessoas ali presentes percebam. Vou filmar as caras com as pessoas se entreolhando e depois as caras com que fazem fofocas, com seus acompanhantes, sobre o que viram no outro. Pronto o filme, convido as pessoas filmadas a se verem. Com certeza vão ficar muito surpresas com os seus olhares astutos, expressão de desprezo que demonstraram um pelo outro. Na verdade sei o que sinto, mas não sei o que eu mostro. O outro não sabe o que eu sinto, mas sabe o que eu mostro. Sempre ficamos com o que vemos no outro. Só não sabemos o que mostramos para o outro.

Para amar é preciso existir um objeto de amor, que neste caso é o outro. O amor é algo que eu sinto a partir do outro. Logo preciso exteriorizar através do contato, da carícia. Só posso aprender a amar experimentando. Descobrindo a divindade no outro. Ninguém é feliz sozinho. É preciso começar a trocar mais abraços, carícias, a proporcionar prazer, a fazer com o outro todas as coisas que a gente tem vontade de fazer e não faz, porque não fica bem mostrar bons sentimentos. Quando se agrada alguém, da mesma forma está se querendo reciprocidade.

Portanto, o amor deixa de ser sentimento único, como o narcisismo ou como libidinal. Qualquer pessoa normal sente necessidade imperiosa de amar. O primeiro passo é tomar consciência de que o amor é uma arte, assim como viver é uma arte. É preciso tornar-se explícito o que está implícito. Contudo, o amor nos toca, nos acaricia e se revela na gratificação sensual com o outro. Viver e Amar constitui-se para a espécie humana num mistério, que muitos transformam num problema.        

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