11 de abril de 2011

SER FIEL É SER INFELIZ?

Todos conhecem história da “raposa e as uvas, da fábula de La Fantoni. Pessoas vivendo uma situação nada favorável e dizendo que está uma maravilha. A história do "limão doce", chupando limão e dizendo que está uma delicia. Isto acontece diariamente na vida de todos nós. Mas aqui vou me deter somente nas relações afetivas. 

Quando a gente encontra alguém que nos olha com encantamento, admiração, interesse e gosto, desperta em nós espontaneidade e solicita aproximação. Esse fenômeno tão natural nos seres humanos e tão presente no nosso dia a dia, seja solteiro ou casado. É só prestar um pouco de atenção para perceber quantos olhares recebemos e correspondemos diariamente. O que importa é o sentimento, a vaidade e o gosto pela vida que cada um tem. Por outro lado, existe uma moral que nos condena. Tudo que sentimos em relação ao sexo, parece que não pode ser falado. Na verdade a nossa educação recheada de preconceito consiste principalmente em nos proibir de falar dessas necessidades vitais. Desta sexualidade que aparece explicitamente em nosso olhar e por todo o nosso corpo. E o que fazemos? Fingimos o tempo todo.

É tão evidente que o amor vai e volta, mesmo quando se gosta muito de uma pessoa. Não são todos os dias que gostamos de ficar juntos. Há outros interesses na vida. Essa situação tem afrouxado os laços matrimoniais. Mas o que se observa é que as pessoas continuam ai sem se mexer. Talvez por força da tradição, da educação ou da pressão familiar, querendo mostrar um casamento ideal que nunca existiu.

Quando a relação a dois começa a esfriar vira uma cadeia fria. Não há mais interesse um pelo outro e curiosamente os dois percebem isso. Mas não podem e não querem fazer nada. Preferem ficar ai chupando o limão meio azedo e meio amargo, dizendo para os amigos que está uma delicia e que agora sou feliz.

As pessoas esquecem uma coisa importante. Quando estão morrendo numa situação que não têm sentido para elas, sua primeira obrigação é reconquistar a sua vida, isto é, seguir os interesses vivos que estão na sua frente, que lhe interessam. Podem ser uma pessoa, um curso ou um trabalho, como realização profissional. Ela tem que experimentar, para proteger a sua vida e continuá-la.

A essência da depressão é uma vida infeliz. Não tem nada do que se gosta algo que me faça bem, então, arrumo uma doença imaginária. Depressão quer dizer vida infeliz. A vida perdeu a graça, não tem mais sentido, nem motivação. O jeito é continuar a chupar o meu limãozinho e mostrando cara de feliz. Afinal, é isto que a sociedade espera de nós. Não quero dizer aqui que todas os indivíduos tenham relacionamento extraconjugal de fato. Alguns não têm. Mas posso afirmar que a maioria das pessoas são de uma cara de pau incrível. Em público todo mundo condenando, em particular a grande maioria fazendo. Todos fazem, mas ninguém assume. E quem ainda não fez de verdade, faz na fantasia ou na imaginação com toda a certeza.

Conforme o dia, todos nós gostaríamos às vezes de ser casado ou solteiro. Há momentos na vida que temos outros interesses em jogo. Precisamos de um tempo para refletir sobre, olhar a situação de fora e sentir se estamos no caminho certo. Nós somos muito mais caprichosos, irregulares e desonestos do que dizemos. Um dos enigmas para mim é que a vida real das pessoas não é flor que se cheira. Quando se fala dos seres humanos, é de uma santidade e honestidade que eu nunca vi no mundo. Nega-se a maldade e a infidelidade e elas aparecem por todos os lados.

Se for verdade que eu quero ser solteiro ou casado conforme a hora, isto quer dizer que nenhum dos dois estados é satisfatório. Devo dizer que as santas senhoras, maduras, é a própria virtude em pessoa, vão pelo mesmo caminho. Garanto que num cantinho do seu pensamento está lá seu ator de novela preferido, um moço bonitão, o coroa charmoso. Só de pensar já implica infidelidade, pois ela está sentido desejo por alguém. Tudo começa no pensamento.

As pessoas têm toda aprovação social para esmagar o infiel, o que traiu. E o pior é que ele reconhece em vez de perguntar: “Você também nunca pensou em outro? Se é que já não fez”. É comum, a pessoa que “pecou” – desconheço neste caso, quem nunca pecou. Ainda mais agora com o advento da internet. Quem não peca?


Portanto, uma vida sem amor é um deserto. Uma vida só de obrigações ninguém aguenta. São as vidas de obrigações que produzem as doenças graves. O que se espera da relação a dois é uma coisa completamente absurda. Promessas de felicidade total, ser fiel a vida inteira. As pessoas aguentam anos após anos esta situação. Verdadeiros camelos atravessando um deserto. O estado mais gostoso da vida é quando a gente se encanta com uma pessoa. E nós vivemos proibindo e negando isso. Até parece que todo mundo tem que ser escravo e viver infeliz, chorando pela vida toda. Se você é infeliz onde está. Com certeza, você está fora de lugar. Vá ao encontro da sua felicidade.

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