7 de abril de 2011

A EMANCIPAÇÃO DA MULHER

       Dizem que o homem quanto mais machão, mais dominado é pela mulher. Talvez seja porque a mulher moderna preocupa qualquer homem observador e de boa imaginação.
       Penso que tudo começou com a industrialização, quando a máquina transformou a necessidade de ser forte em vez de ser inteligente e hábil. Com a segunda Guerra Mundial, quando foi atingido o parque industrial, a mulher entrou definitivamente no mercado de trabalho. Teve acesso a esta fonte de poder. Poder ao qual me refiro, não é fonte de mando, é fonte de possibilidade. A mulher se emancipou, tornou-se ela mesma.
       Como argumenta o psiquiatra Paulo Gaudêncio: “Estamos agora numa fase em que a mulher está aprendendo a comer melado para comer sem se lambuzar”. Mas a meu ver a mulher foi durante algum tempo, bem treinada pelos pais para ficar boazinha. Principalmente os pais autoritários frente uma filha mais tímida ou uma mais dócil, marca profundamente essa autoridade. Quando a mulher torna-se obediente, pessoa contida que pouco aparece não se manifesta, ela encontrará fatalmente alguém que irá dominá-la.
       Certa vez ouvi de uma menina de quatorze anos, que com fofocas de vizinho, falou-se que ela estava namorando e parece que não havia se quer nada de concreto na história. Ela só estava na mesma casa, possivelmente do outro moço em visita. Por causa de uma fofoca a menina levou a surra da vida dela, ficou com equimose por todo o corpo.
       Outra moça com quase trinta anos, apanhou até os dezoito anos, cada vez que chegava tarde em casa, mesmo que só estivesse com amigas. Um bom pai, preservando a honra da filha, o nome da família a custa de paulada. Ainda hoje existem pais assim, geradores de violência, convictos de que estão fazendo certo. Espanca a filha e prepara para todas as desgraças que vem depois.
       Eu só posso concluir, que a nossa educação é realmente feita, para quebrar qualquer personalidade. São as pessoas que perseguem pessoas. É na família que se forma o opressor e oprimido, o machão e a submissa, a mulher objeto. Isso sem falar que o macho padrão é muito precário, tem pouco interesse no lar, se entende mal com criança, não trata muito bem a mulher. Tudo isto formado dentro da família, mais precisamente na infância. A educação que garotos e rapazes recebem é mesmo para agir segundo um modelo machista, certas tarefas são especificamente femininas e outras tantas masculinas. Se uma mãe percebe um garoto brincando com bonecas e se interessando por afazeres domésticos, fica preocupada. Acha que deve haver alguma coisa errada com ele, isso quando não expõe o garoto a vexames perante seus coleguinhas. O mesmo acontece com meninas que se metem a jogar futebol com os meninos e a participar de suas brincadeiras mais violentas. Logo alguém lhe chama atenção. Sempre o pai garantindo a boa educação do filho. Depois que casa a esposa garante a história infeliz.
       Uma senhora de cinqüenta anos me contou a sua história, que era uma catástrofe do começo ao fim. O melhor exemplo que encontrei naquele momento era de uma relação de sadomasoquismo.
       Um homem rico, porém pobre de espírito, que achava que pagando podia oprimir as pessoas. Era ele quem pagava as despesas da casa. Minha pergunta é: ”por que uma mulher de cinqüenta anos fica dentro de um casamento infeliz, agüentando todos esses anos?” Uma mulher que tem posses. Como ainda tem pessoas que terminam nessas situações infernais e ruins.
       Cada dia me convence mais, de que os atritos familiares são as principais causas que enchem hospitais de doentes. Porque persiste por muitos anos, o caso desta senhora ilustra bem, trinta e poucos anos de casada, desde o começo era saco de pancada. Que o marido seja estúpido não é de se estranhar, tem muitos, que ela agüente já é um dado preocupante. Ela já estava preparada, a filha bem educada pelo pai severo, que passou direto para o marido, convidando aos abusos.
       Tenho participado de grupos de estudos, conferencias e coisas desta ordem. E vem surgindo um fato novo. Os homens andam fugindo da raia das mulheres porque elas estão muito melhores do que eles. São mais decididas, querem saber, estudam, fazem cursos. E eles cada vez mais encolhidos no seu canto, achando que sabem tudo.
       A mulher também está se tornando livre do ponto de vista profissional. Uma mulher moderna, razoavelmente bem sucedida na vida, independente, bonita e inteligente, de certo modo assusta os homens. Porque a maioria deles não tem tanta competência assim e nem maturidade para tanto. O machão latino, não tem coragem de ser propor ou de casar com mulher que ele sente que é superiora a ele. Ainda hoje conheço mulher com grande potencial intelectual que se casou, não digo com homem incompetente, mas, homem mais comum com pouca formação escolar e muito autoritário. Ela submete-se inteiramente, para que ele não se sinta ferido no seu amor próprio. Talvez esteja aqui, o começo de todas as loucuras humanas. Deixar de ser eu mesmo, para ser o que o outro quer. Lembre-se, viver com medo é viver pela metade.
       Aprendi que o tempo nunca volta atrás e o futuro inventa novas emoções. É melhor fazer alguma coisa ao invés de não fazer nada. A primeira obrigação é reconquistar a minha vida, isto é, seguir os interesses vivos que estão na minha frente. “E agradecer a todos os deuses dizendo: que maravilha estar aqui, como é bom viver, como é bom ser Eu mesmo”.

2 comentários:

  1. Anônimo00:13

    Texto maravilhoso. Só poderiam ser do amigo Eduardo rsrs. Realmente concordo que a educação começa em casa,e é la que se cria a imagem da mulher na sociedade. Porém atualmente essa imagem tem mudado cada dia mais. Nós mulheres estamos evoluindo e nos redescobrindo constantemente.

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  2. O penultimo paragrafo ,resume fielmente o que acontece com a mulher independente....pobre dos homens que não acompanharem a evolução e coitadas ou burras??? as mulheres que ainda se submetem por acharem que precisam de um homem,mesmo que ignorante ,para ser feliz.A felicidade está no simples fato de voce acordar de manhã e se sentir livre para ser voce mesma.

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