3 de dezembro de 2016

EDUCAR PARA PAZ É O CAMINHO

Todo o conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão. O conhecimento é uma forma de compreender a verdade, é um apanhado de elementos limitados pela nossa possibilidade de apreender e assimilar. A aprendizagem é uma relação entre o indivíduo e seu meio. É construído a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento, interagindo com ele, sendo as trocas sociais condições necessárias para o desenvolvimento do pensamento. Buscar-se aprender conteúdos, aprofundar julgamentos, metodologias que ajudam o sujeito a desenvolver a habilidade de continuar aprendendo, num procedimento contínuo e simultâneo de questionar-se. A chamada maiêutica socrática. A arte de perguntar.

Devemos procurar desenvolver a consciência de que o ser humano é ao mesmo tempo indivíduo, parte da sociedade e parte da espécie (ética do gênero humano). A condição de “ser humano” relaciona-se ao desenvolvimento das autonomias individuais, das participações em sociedade e do sentimento de pertencer à condição humana. Além do mais, devemos como educadores assumir o compromisso de propiciar momentos para a construção da cidadania planetária, baseada na responsabilidade universal, frente à complexidade do mundo contemporâneo, como exigência de articular a heterogeneidade dos contextos, as subjetividades, as identidades e os saberes. A educação deve ser questionadora, indagando sempre as incertezas ligadas ao conhecimento.

Na sociedade onde a competitividade é o ponto forte, temos que buscar a paz entre os cidadãos. A educação para a paz deve ser basicamente uma meta a ser atingida. A paz converte-se num processo contínuo e acessível em que a cooperação, o recíproco entendimento e a confiança em todos os níveis ajustam as bases das relações interpessoais e intergrupais. Na educação para a paz devemos buscar mudar o modo de sentir, que muda o modo de pensar, que muda o modo de falar, que muda o modo de agir. A cultura da paz baseia-se no diálogo, que visa abrir questões, estabelece relações, compartilha ideias, questiona e aprende, compreende, faz emergir ideias, busca a pluralidade de conceitos.

Por conseguinte, ao incorporarmos a cultura da paz em nosso cotidiano, nos disponibilizamos ao diálogo, a escuta, a tolerância, a generosidade, ao comprometimento, mas, também à consciência do inacabamento, ao reconhecimento de ser condicionado e da dupla existência da verdade. Tendo consciência do processo de inacabamento, constatamos que a educação é uma formação continuada. Contudo, a paz é um processo contínuo e permanente em nossas vidas. Concluo com uma frase do monge budista e líder espiritual tibetano Dalai Lama (1935): “Descobri que o mais alto grau de paz interior decorre da prática do amor e da compaixão. Quanto mais nos importamos com a felicidade de nossos semelhantes, maior o nosso próprio bem-estar. Ao cultivarmos um sentimento profundo e carinhoso pelos outros, passamos automaticamente para um estado de serenidade. Esta é a principal fonte da felicidade”. 

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