26 de novembro de 2016

PODE SER QUE UM DIA O TEMPO PASSE

Pode ser que um dia deixemos de nos falar, mas, enquanto houver amizade sempre há a possibilidade de fazermos as pazes novamente. Certamente um dia o tempo vai passar, mas, se a amizade permanecer, um ou outro há de se lembrar. Pode ser que um dia nos afastaremos, mas, se formos amigos de verdade a amizade nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos, mas, se ainda sobrar amizade, nasceremos de novo um para o outro. Pode ser que um dia tudo se acabe, mas, com a amizade construiremos tudo novamente. Cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Seria maravilhoso conviver se as pessoas tivessem mais respeito em um mundo cheio de dor e injustiça. Quantas pessoas são infelizes na sua subjetividade. Algumas dizem que amam e tem fé em Deus e são incapazes de cultivarem amizades solidas e duradouras. Presume-se também que a amizade é um gesto de amor fraternal. Às vezes me pergunto! Depois de anos de convivência, por que tem que odiar ou perseguir o outro? Agora que aprendemos um pouco um do outro, que tal uma amizade alicerçada na confiança? Ninguém é culpado porque ama ou deixou de amar. Se cuidar bem do amor, às vezes ele dura um bom tempo, muitas vezes até o fim da vida. Se não cuidar ele acaba mais ou menos depressa. As pessoas realmente precisam conhecer o verdadeiro significado do que é amar e ter fé em Deus. Por que não resolver as coisas naturalmente, com serenidade e sabedoria? Ninguém pode garantir que amará a vida inteira. Quem pode fazer esta promessa? Acabou-se o interesse entre duas pessoas, nem por isso precisam se maltratar ou ficar inimigas. Seria uma infantilidade dispensar a amizade depois de anos de convivência. Quantas intimidades não trocaram.

O nosso amor é uma miséria. Amamos na proporção do “quociente de inteligência” (Q.I.) de uma ostra (com todo o respeito às ostras) e achamos que isto é um grande amor. Um amor que só serve para provocar brigas e aborrecimentos. Somos egoístas até no momento de amar. Esquecemos que amar é doação, um entregar-se constante ao outro. Há duas formas para viver a vida: uma é acreditar que não existe milagre e a outra é acreditar que todas as coisas boas da vida são milagres. No livro: “A Identidade” do escritor tcheco Milan Kundera (1929), afirma que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. E vai além dizendo: “que toda a amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos”.

Portanto, amigo é aquele individuo que o tempo não apaga, que a distância não esquece e que a maldade não destrói. É um sentimento que vem de longe, que ganha lugar no seu coração e você não substitui por nada. É alguém que você sente presente, mesmo quando está longe, que vem para seu lado quando você está sozinho e nunca nega um sentimento sincero. Amigo não é coisa de um dia, são atos, palavras e atitudes que se solidificam com o tempo e não se apagam mais. O que fica para sempre, como tudo o que é feito com o coração aberto. Contudo, precisamos de um amigo para conversar com o coração. Se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco de nós para o outro, senta ao lado dele assim mesmo. Deixa os olhos se encontrarem vez ou outra, até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao lado dele e deixa o silêncio de ambos conversarem espiritualmente. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras. Um olhar é capaz de traduzir o que sente e diz um coração.  

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