7 de junho de 2018

O AMOR PLATÔNICO NO OLHAR POÉTICO

Consideramos junho como o mês dos namorados. Talvez pelo romantismo que a data doze de junho nos envolve. Assim, como dia treze de junho, que se comemora o dia de Santo Antônio, santo casamenteiro, segundo dizem os devotos. É um dia para consolidar o amor. A paixão está no ar e no olhar dos amantes. É razão que ninguém teria razão para nos tirar. É ser só de alguém e nunca deixar esse alguém só. Penso que amar é olhar para dentro de si mesmo e dizer: “eu quero alguém para ser feliz”. Há uma tentativa de explicar a razão contida em gestos basicamente instintivo das seduções. Por que será que o olhar da sedução é tão fascinante a ponto de despertar inesperadamente o desabrochar da paixão? Na verdade, é a paixão que vem primeiro. Aqui está um enigma para os humanos pensar. Todavia, os poetas já diziam que os olhos são a janela da alma. E de alma o grande filósofo grego Platão, entende. Já dizia o poeta: “é no olhar que te vejo, no olhar te mexo e no olhar-te desejo”.

Apesar de todo o temor que sentimos diante do encontro amoroso. Embora não o reconheçamos, ainda assim o amor permanece como um enigma que norteia a nossa vida. Até porque há uma tendência em nós, de maltratar o amor quando ele aparece. Agregamos tudo de ruim, a começar pelo ciúme que é um péssimo sentimento. Justificamos como se isto fizesse parte do amor. As pessoas sempre buscaram preencher o sentido da sua existência com amor. Esse sentimento que sempre se apresentou como um mistério para os humanos, que ao longo dos séculos, filósofos, poetas, assim como os psicólogos, tentaram desvendar. Mas, quem melhor explicou e mais aproximou o amor dos humanos, foi o filósofo grego Platão.

No diálogo o “Banquete”, que até virou peça de teatro, Platão explica a origem do amor, a partir da mitologia grega. Diz nos seus diálogos que num passado remoto existiam criaturas monstruosas. Metade homem e metade mulher. Seres humanos completos, com duas faces, quatro braços, quatro penas, continha em sim mesmo os dois sexos. Essas criaturas andrógenas, num dado momento, resolveram invadir o “Olimpo”, a morada dos deuses. Zeus como o representante maior dos deuses e responsável pelo Olimpo, na tentativa de punir essas criaturas andrógenas ele num golpe as partiu ao meio, tornando-se metade, separando em dois sexos. De modo que foi a partir daí, que essas criaturas, saíram pelo mundo e passaram a buscar incessantemente a outra metade, para assim restituir a plenitude perdida. Claro que isso é uma explicação mitológica, mas que faz todo o sentido para nós humanos. Cada um tem a sua essência, é um ser único, não existe outro exemplar idêntico. Portanto, somos individualmente insubstituíveis.

Segundo Platão, essas criaturas somos nós mesmos, em busca da nossa parte perdida, ou seja, é no outro que vamos encontrar a nossa cara metade. Por conseguinte, é através do amor que buscamos a nossa unidade perdida, a totalidade que se rompeu com a separação. O que fazemos no momento da sedução? Senão buscar no outro a nossa identidade. Desta forma, viver o verdadeiro encontro amoroso seria reviver o encontro com a nossa própria essência, que desperta com o amor. Sendo assim, o meu desejo pelo outro é para nos crescer juntos neste amor. De modo que tudo que você ama eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará de uma forma diferente. A natureza é tão pródiga com seus filhos. Às vezes percebo que o mundo é o lugar mais lindo que existe, e vejo a imensa sorte que temos de viver nele.

Portanto, para o poeta o amor é uma vida, mas, uma vida que é e foi um tudo que sempre se manterá. O amor de uma vida, o sangue do sempre. Uma vida em dádiva, um nada inexistente e tudo existe. Passam anos, nascem flores de todas as cores e corre o rio sem medida e passam anos sem que nosso amor desvaneça. Tudo muda, sorrisos de esperança como canções são declamados no coração de alguém, que como nós amamos também, porém, no tempo da eternidade. Concluo essa reflexão parafraseando o poeta Vinícius de Moraes: “De tudo ao meu amor serei atento. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento”. Contudo, enquanto houver uma alma apaixonada, o cérebro e o coração dividirão a soberania das emoções, confundindo paixão e amor.

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