29 de setembro de 2015

DOIS TEMAS CENTRAIS DISCUTIDOS POR PLATÃO

Entre os diálogos de Platão (427-348 a.C.), dois temas centrais se destacam e se articulam: a política e a teoria do conhecimento. O Platão na sua obra “A República” procurou construir em “logos” as bases para uma cidade justa e feliz. Para obter êxito nesta tarefa, foi necessário conhecer, saber distinguir e construir uma cidade marcada pelo equilíbrio. Por isso, o conhecimento das partes da alma, das funções de cada um e suas aptidões, para que a cidade possa permanecer em harmonia. O filósofo, neste caso, tem uma função especial: a de esclarecer as condições para a construção desta cidade. Toda cidade, segundo Platão, nasce das necessidades e é necessário encontrar os meios para satisfazê-las e garantir, entre pessoas desiguais e dessemelhantes, a unidade da “polis”. Por isso, a necessidade de cada um conhecer e desempenhar bem suas funções, o que pode acontecer pela educação.

A educação platônica é sustentada no ponto central de sua teoria do conhecimento: saber disciplinar o corpo e a alma, para que seja possível distinguir as meras opiniões (doxa), do conhecimento autêntico (episteme). Neste jogo do dualismo platônico entre a aparência e a essência, está a premissa da existência das “ideias”. O conhecimento do ser humano é iniciado por aquilo que lhe é mais próximo, o sensível, mas devem buscar pela reflexão (dianóia) o estabelecimento de hipóteses que os afastam das coisas sensíveis para estabelecer, exclusivamente pelo pensamento, o conhecimento do mundo das ideias, do qual as pessoas participam (teoria de participação) através da reminiscência.

Portanto, a função da educação, neste caso, é disciplinar o corpo e a alma, começando pela música e pela ginástica, para que se possa atingir a dialética, a ciência máxima que permite o conhecimento do que permanece (influência de Parmênides) e habita o mundo das ideias, maiores as condições para a construção da cidade justa e feliz. Isto não equivale a dizer que tudo é uma repetição, pois, para Platão, as coisas tendem a degenerar-se e há uma teoria cíclica (influência de Heráclito) que marca, por exemplo, as formas de governo. Contudo, as relações entre conhecimento e a política em Platão não podem ser separadas.

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