25 de setembro de 2015

A FILOSOFIA AO ALCANCE DO PENSAR CRÍTICO

A filosofia sempre esteve ligada ao momento em que o homem começou a fazer perguntas sobre sua existência. Ela nasceu como uma atividade de esclarecimento e de autonomia de pensamento, pensar por si, conhecer a verdade do mundo, exercitar a linguagem autêntica para firmar alianças de tolerâncias e proposições de reconhecimento de igualdades. É importante que entendamos o significado da própria palavra filosofia, pois ela é utilizada de formas muito diferentes. Algumas vezes o termo é usado como “filosofia de vida”, para explicar como uma pessoa conduz sua vida. Também vemos a palavra relacionada ao trabalho, significando como a pessoa ou um grupo organiza o tempo, as decisões e o dia a dia de sua profissão. Há ainda a concepção de “filosofia religiosa”, dentre outros usos. De modo que a filosofia se relaciona à premissa de se constituir num saber, num modo de realizar alguma coisa, por assim dizer, o pensamento que organiza e da direção a essas atividades.

Temos também a filosofia que se aprende nas escolas, que faz parte do currículo escolar. Esta traz consigo um pressuposto de se reconhecer como um conhecimento que envolve a história da cultura, o que pensaram os filósofos em determinadas épocas e em que sentido tais ensinamentos podem nos auxiliar a pensar a vida de hoje, através do debate sobre a ética, a moral, os valores primordiais que trazemos na nossa matriz, ou formando grupos de estudos de filosofia como fizeram em Botucatu SP, reunindo-se uma vez por semana, sob a coordenação da filósofa e educadora Solange Frigato. Uma verdadeira bandeirante da filosofia.

Desse modo, a filosofia pode ser compreendida com um saber que tem por interesse a formação da inteligência crítica das pessoas. Na história podemos buscar informações sobre sua trajetória. Nessa época a filosofia significava um modo de entender o mundo, diferente do que até então predominava, o pensamento mítico, fantasioso. A pergunta sobre o que é e para que serve a filosofia. É uma das grandes questões que a acompanham, desde o seu surgimento até nossos dias. Houve tempos em que a filosofia apareceu como oposição à ciência, diante do entendimento de que esta sempre se ocupava de questões práticas e a primeira seria o exercício livre do pensamento.

Sabemos que a filosofia surgiu na Grécia Antiga, sua história já contém uma caminhada que vai modificando o conceito de reflexão de um pequeno grupo para o estimulo do pensamento crítico e autônomo para o maior número de pessoas, até ocupar a escola, como um conteúdo de nossa formação. Todavia, pensar filosoficamente é a grande intenção desse jeito de conhecer e saber, fazer com que a busca das verdades de cada situação nos auxilie a melhor entender o mundo, as pessoas e a realidade. A filosofia então tem o sentido de nos fazer pensar com nossas próprias ideias, buscando a autonomia, sem nos deixar conduzir por outras pessoas, outros saberes ou poderes; e nos dias de hoje, pelas agências de alienação e engodo coletivo, como a identidade dominante na mídia ou qualquer coisa que conduza o nosso pensamento, assim como as redes virtuais na internet.

Entretanto, é por isso que a filosofia nem sempre teve uma boa aceitação no país ou entre algumas pessoas mais conservadoras. Como argumenta o filósofo e educador Cesar Nunes (UNICAMP): “o compromisso da filosofia em estimular o pensamento crítico e dar a oportunidade de que cada um tire suas próprias conclusões sobre as situações de sua vida, da política, da sociedade, sobre as outras pessoas, pode incomodar àqueles que não têm interesse em deixar o pensamento livre e crítico ganhar espaços em nossa sociedade”. Tendo em vista, que a ideia mais importante é que todos possam exercitar essa forma de pensamento, para descobrir o que há por trás do que nos é repassado pelos meios de comunicação, pelo conhecimento que aprendemos como o único válido e que comecemos a questionar as formas de viver e pensar, buscando, o grande interesse da filosofia: uma vida melhor, em que os seres humanos possam sonhar e usufruir da felicidade.

Portanto, uma vida feliz se constrói com a vivência da igualdade, do pensamento livre, da criatividade, do diálogo, no combate às situações de desigualdade, pelo respeito ao próximo, ao meio ambiente, em particular aos direitos conquistados por crianças, jovens, adultos, mulheres, pessoas com deficiências, idosos, negros, índios e marginalizados. Exercitar o pensamento de cada um por si mesmo é um dos principais compromissos daqueles que têm como interesse a vida plena, a justiça e a felicidade como valores fundamentais do que chamamos de emancipação humana.     

Um comentário:

  1. Belo e verdadeiro texto, Eduardo. Grata por reconhecer meu trabalho junto ao CCB - não sei se posso sustentar o rótulo de "filósofa" mas o de "educadora" talvez sim.
    Acredito que a última frase de sua crônica justifica o nosso insistente bandeirantismo, já que o pensamento próprio, como dizia Platão, "só nasce do espanto". É somente quando nos chocamos com a contradição que exprimimos algo autêntico. Daí pode nascer um valor, um real compromisso com o que você chamou: "emancipação humana".

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