12 de outubro de 2011

SER BOM É SER JUSTO

Não há quem não conheça a história mais lida e mais contada, de geração em geração, que até já virou filme, que é a história de Jesus de Nazaré. Quem não conhece esse homem chamado Jesus? Era um judeu que viveu na Palestina há mais de dois mil anos. Há muitos escritos sobre ele. Cada um conta de um jeito. Saber o que realmente ele queria ou pretendia é muito difícil. São muitas as interpretações.

Mas quero aqui puxar outro lado da história, da mensagem de Jesus. Pois gosto muito da sua filosofia e muito mais agora que pesquisando descobri através de suas mensagens que amor não é resignação, como prega os cristãos. A meu ver Jesus foi um homem que fez o que acreditava, viveu para isso e morreu em função disso.

Ele não foi bonzinho, não foi um individuo ajustado, não foi normal como todos. Ele foi em certos termos um terrorista. Não que largasse bomba ou matasse pessoas, mas a sua mensagem era profundamente revolucionária para a época, por isso mesmo que ele acabou numa cruz. Penso que até o pai e a mãe dele questionavam esse comportamento às vezes: “Nossa! O que o meu filho está fazendo, arrastando esta multidão, falando de amor das pessoas, num mundo em que só há crueldade e opressão”. E que continua até hoje, havendo crueldade e opressão. Esse homem falava da fraternidade entre os homens, do perdão das ofensas e do amor ao inimigo. Certamente foi chamado de maluco por muitos.

Entretanto, é esta figura que nós dizemos adorar, amar, imitar e seguir. Quem é que tem a coragem de ser ele mesmo, vinte quatro horas por dia, fazendo o que é bom para si? Faça um pouco diferente do que é considerado normal, para perceber quantas pessoas vão se incomodar com o seu comportamento.

É bom lembrar que Jesus também é um verdadeiro modelo de inovador. Na verdade, a humanidade invariavelmente sacrificou todos os seus salvadores. Aqueles que traziam bonitas mensagens.

Hoje em dia temos uma imagem desfigurada de Jesus. Homem bom que faz o que os outros querem; homem maravilhoso, glorioso e daí por diante. A própria história de Jesus nos Evangelhos mostra que ele não era lá uma figura boazinha, como se prega.

Conta o Evangelho que um dia ele saiu de chicote no Templo, derrubando tudo o que tinha pela frente e xingando todo mundo que tinham feito do Templo um mercado de negócios. Outra vez mandou o moço que gostava dele, vender tudo e segui-lo. O Evangelho também descreve seu conflito com a família. Certa vez estava Jesus reunido com os seus discípulos, quando vieram avisá-lo que sua mãe o esperava. Respondeu ele: “minha mãe, é aquele que faz a vontade do meu pai que está no céu”.  
    
Jesus era presumivelmente um homem forte e saudável, caminhava muito. Era convicto do que queria. Mas também tinha o seu lado humano, da dúvida, da incerteza. O próprio Evangelho fala. Nós vivemos falando que ele era sempre glorioso, maravilhoso. Não, ele também tinha suas dúvidas. No Horto das Oliveiras, um dia antes de ser prisioneiro, ele viveu uma angústia terrível.

Então vamos “desdivinizar” um pouco essa imagem e guardar sua mensagem que é: “Cumpra com o dom da vida, o projeto que Pai lhe confiou”. Uma coisa, porém é clara, a mensagem não é fazer a vontade de outros e sim ser justo. Pensar muito, sentir muito, meditar sobre suas inclinações e possibilidades. Fazer o mais que posso de mim e para mim. Para realmente aperfeiçoar-me, até que possa devolver para o Criador a imagem que ele estampou em mim no começo da minha vida. A minha obrigação primeira é fazer a minha vida e o meu caminho.

Portanto, quando enxergar o outro diferente, não comece a dizer que ele está errado, que ele é estúpido, que vai para o inferno. Olhe bem para esse semelhante e diga: “não compreendo essa pessoa, mas espero que esteja seguindo o seu caminho. Assim como espero também estar seguindo o meu caminho. Porque ser bom não é fazer toda a vontade alheia, é ser justo”.   

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