26 de abril de 2019

O GOVERNO TEM MEDO DA FILOSOFIA

Historicamente, vemos desfilar períodos em nossa “Educação” em que alguma perspectiva de seletividade dirigiu as políticas públicas do setor. E isso, ademais, tornou-se objeto de interesse, estudos e de pesquisa no âmbito das disciplinas tomadas por seu caráter de inutilidade pela política atual. É evidente que tais iniciativas não interessam ao poder. Ao contrário, só incomodam! Alias, atende-se para o fato de que a seletividade atravessada pelo viés ideológico, autoritário e doutrinário do atual governo, atingirá igualmente as áreas em destaque: “nem tudo será digno de atenção e de investimento (de tempo, capital, pesquisa, interesse) dentro dessas mesmas áreas selecionadas”. Estamos sofrendo o maior ataque à Filosofia e Sociologia desde a ditadura militar. 

No entanto, nenhum motivo para comemoração! Trata-se do anúncio de uma viagem sobre a roda que insiste nas emoções das turbulências do retorno a um aspecto do passado que já nos deu muitas lições. Portanto, é bom advertir que todos os campos de conhecimento e profissional, carregam muitas vezes sub-repticiamente, a herança “filosófica” como princípios, desvelamento, sentido e orientações (epistemológicas, axiológicas, etc.). E, sem investimento nos cursos específicos de formação dos “filósofos e sociólogos” entre outras áreas afetadas por esta medida, o que vamos assistir, no caso da Filosofia especialmente aqui tratada, mas não exclusivamente, será o improviso, os bate-papos incompreensíveis e as elucubrações vagas travestidas desse saber. Só posso concluir que a Filosofia incomoda a chamada nova política.

Portanto, é sempre bom lembrar àqueles menos avisados, especialmente, ao autor da “novidade” veiculada em seu comunicado no Twitter, que a gente “também” lê e escreve (talvez, demais para alguns) no campo da Filosofia e da Sociologia, e as chamadas Ciências Humanas em geral. Além disso, é importante destacar que muitos chefes de família, homens ou mulheres, ofereceram e oferecem extremo conforto e oportunidades de ricas experiências à sua família com a sua profissão, além de contribuírem significativa e singularmente ao seu entorno social. Sou professor de filosofia com muito orgulho e sei que esse governo quer acabar com a nossa profissão.

(Este texto foi extraído de um ensaio da Docente e Pesquisadora da Universidade Estadual de Londrina, Profa. Dra. Leoni Maria Padilha Henning, cuja adaptação foi autorizada pela autora para o uso neste Blog).

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