24 de abril de 2019

A FILOSOFIA E SUA NATUREZA

A tarefa da filosofia é por pensamento no mundo, ou seja, colocar as pessoas para pensar. Evidentemente, sem a pretensão de achar que vamos encontrar a solução para todos os problemas que mais afetam a humanidade. É comum na vida cotidiana, às vezes precisarmos tomar decisões rápidas, sem perder muito tempo com reflexões e questionamentos para alguns. Mas, quando uma pessoa ou uma sociedade entra em crise, prontamente, estimula a reflexão necessária ao momento solicitado. De modo que a filosofia, desde as suas origens na Grécia Antiga, requer uma mudança do olhar e de nossas relações na vida e com o conhecimento. Porém, a natureza real da filosofia é causar certo estranhamento frente à realidade, desde os fatos mais simples ou aparentemente já sabidos. Há aqui, uma atitude em que pensar é desafiado para além de si mesmo.

No entanto, a filosofia é um convite ao diálogo diante de certa perplexidade e admiração que nos envolvem no dia a dia. A consciência humana inventou a linguagem, a arte, a história e a cultura. Além de tudo isso, também criou a escravidão, a queima de bruxas, o Holocausto e bombardeou Hiroshima e Nagasaki. Dentre todas as espécies, o ser humano é o único que mata seus semelhantes em nome da religião, do mercado livre, do patriotismo e de outras tantas ideias absurdas. Gradualmente desenvolvemos a capacidade do pensamento abstrato, a capacidade para criar um número interior de conceitos, de objetos e de imagens de nós mesmos. Na medida em que a modernidade alcançou o mundo atual, tornou-se cada vez mais diversificado e complexo viver.

Entretanto, começamos a perder o contato com a natureza e transformamo-nos em pessoas perversas e gananciosas. Sobretudo, perdemos a capacidade de cooperação, estamos criando uma personalidade cada vez mais fragmentada. Na natureza, todos os membros de um organismo vivo estão interligados numa vasta e intrincados rede de relações, a chamada teia da vida, estudado com profundidade pelo físico e filósofo Fritjof Capra (1939), que tem desafiado as visões convencionais da evolução e organização de sistemas vivos. Capra desenvolveu novas teorias com implicações filosóficas e sociais revolucionárias. Em seu livro: “A Teia da Vida”, ele nos propicia uma síntese brilhante de descobertas científicas recentes. O comportamento de cada ser vivo do ecossistema depende da relação de muitos outros. O sucesso da comunidade está ligado ao sucesso de cada indivíduo, enquanto este resultará da comunidade como um todo. Desta forma a lição em relação às comunidades humanas é obvia. Cada um de nós somos os responsáveis pela a harmonia do todo.

Portanto, para recuperar nossa plena humanidade, temos de restaurar nossa experiência de relação entre a sintonia e reflexão com a natureza. Essa nossa religação ou religião em latim é a própria essência do alicerçamento espiritual do homem com o meio ambiente. De modo que a filosofia nos leva a uma reflexão profunda e uma tomada de consciência sobre nossa passagem pela vida. Esta luta do ser humano consigo mesmo não é uma tragédia nem um fracasso da criação. Ela é da íntima natureza humana. O ser humano é a única criatura terrestre inacabável, jamais plenamente realizado. A natureza o fez o menos possível para que ele possa melhorar-se o máximo possível. Vale lembrar uma frase lapidar da minha saudosa mãe: “O mundo é um lugar muito difícil, de que você não precisa de mais nada, além da sua autoconfiança para sobreviver”.

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