9 de abril de 2019

NA SIMPLICIDADE ESTÁ A NOSSA MAIOR VIRTUDE

Com o passar dos anos aprendi a gostar do que é simples como: um abraço, um se cuide e cultivar boas amizades. Considero-me um fiel admirador das pessoas simples, pois para mim são as mais belas porque se deixam guiar pela emoção e pelo senso comum. São pessoas guiadas pela sua intuição e pelo coração que não conhece artifícios. Na verdade, gosto do cheiro de pessoas simples, sua fragrância do respeito, de um bom dia juntamente com um grande sorriso, de um se cuide com imensa sinceridade. Não há falsidade nos belos olhares dessas pessoas, nem tampouco em suas almas. E o que é mais curioso e também inspirador é saber que na atualidade, tanto no aspecto do desenvolvimento pessoal como no campo das grandes organizações, passou a ser moda resgatar o valor do simples. De fato, muitos especialistas em marketing e publicidade têm um lema que quase nunca falha: “faça-o simples e algo acontecerá”.

No entanto, Antônio Machado (1875-1939), um poeta espanhol, pertencente ao Modernismo, dizia: “é próprio dos homens de mentalidade pequena investir contra tudo aquilo que não lhes cabe na cabeça”. É sem dúvida um bom exemplo para descrever as personalidades para as quais as coisas sensíveis não têm sentido. Confundem o simples com o simplista. A simplicidade não tem nada a ver com ser ingênuo, muito menos com ser inocente. Na verdade, este conceito contempla um grande poder do qual quase não temos consciência. Segundo o filósofo e educador Rubem Alves (1933-2014) dizia: “a vida é como uma teia de aranha”. Hoje entendo o sentido desta frase. Nossas linhas se mesclam em ângulos estranhos, tomamos caminhos errados, nossos esforços não se correspondem ao que foi alcançado e ficamos presos a estas realidades terrivelmente complexas e sombrias. Sinto que a falta de simplicidade acaba por estragar tudo.

Por que é tão difícil nos deliciarmos com a simplicidade dos atos do dia a dia? Por que complicar tanto a vida? De certo modo, isso tem muito a ver com a nossa ambição de querer colher os frutos dos quais não plantamos. A alma simples e o olhar humilde são dimensões que não se encaixam muito bem em uma sociedade que associa o complexo ao eficaz, e em consequência, à felicidade. Vendem-nos computadores com muitos programas, celulares com aplicativos infinitos, os salões de beleza nos oferecem inúmeros tipos de tratamentos para o cabelo, e todos os dias nos lembram de que é bom ter muitos diplomas, muitos títulos, muitos amigos. A complexidade está associada à ideia de felicidade dourada, que na realidade nem sempre é verdade.

Por conseguinte, algo que deveríamos levar em conta é que as coisas grandes acontecem quando se faz bem as pequenas, e para isso, nada melhor do que praticar a arte da simplicidade nos nossos atos do dia a dia. Avançar com calma, sendo conscientes do que nos envolve e fazendo uso do senso comum e da intuição são sem dúvida as melhores estratégias para desfazer todos os nós dos nossos problemas mais complexos. Devemos confiar um pouco mais no nosso instinto e sermos receptivos à voz do coração. Às vezes deixamos de lado grande parte da nossa “quota de vida” imersa em esforços infrutíferos, que nos separam por completo daquilo que realmente desejamos. Contudo, lembre-se de que a complexidade não deve ser admirada, deve ser evitada, pois a arte de saber quais coisas devemos deixar de lado, será o único caminho que nos permitirá encontrar aquilo que realmente merecemos. Portanto, vamos melhorar a vida e torná-la mais simples, porque o chique é simples.

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