25 de outubro de 2018

QUEM MAL LÊ, MAL OUVE E MAL VÊ

Abro esta reflexão com uma frase do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), que diz: “quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. É com muita tristeza que olho para a falta de respeito entre os políticos e seus eleitores. A falta de ética entre os partidos políticos, que contam com o apoio da mídia na disseminação do ódio. A maior falta de respeito é com a educação. Subestimam a inteligência do povo ao negar seus direitos a educação e cultura. Não há um incentivo a leitura e ao conhecimento. Ler para mim é como respirar. Preciso da leitura para oxigenar meu trabalho, minhas relações, minha vida. Já fiz inúmeras viagens, conheci santos e criminosos, ri e chorei em situações muito diversas, aprendi e reaprendi a viver – tudo isso nas páginas dos livros. Com mais leitura e conhecimento, o cidadão comum terá capacidade de interferir na realidade e exercer plenamente a crítica, cuja ausência nos faz tanto mal. Vivemos num mundo onde tudo passa muito rápido. De modo que, reconciliando com a leitura, as pessoas terão acesso aos instrumentos necessários para o resgate crítico da nossa história e da nossa famigerada democracia.   

Defendo a tese de que a ausência de cultura básica e educação afastam os jovens e crianças da leitura e sem esta, serão incapazes de escrever até a sua própria história. É com preocupação que venho percebendo o distanciamento dos jovens diante desse universo estimulante que é a leitura. Quero acreditar na conciliação dos dois. O encontro entre o jovem e a leitura deve ser promovido pelas mãos precisa e eficaz dos educadores que tem o papel fundamental nessa aproximação. Nesse desafio, o educador conta com uma segura parceria entre leitura e a escrita, estabelecendo um vínculo capaz de desatar o nó que impede a nossa avaliação critica ao momento histórico e político que estamos atravessando. Somos uma nação sem memória.

Portanto, encerro essa reflexão citando o filósofo e educador Rubem Alves (1933-2014) que diz: “há um tipo de educação que tem por objetivo produzir conhecimentos para transformar o mundo, interferir no mundo, que é a educação científica e técnica. Mas há uma educação – e é isso o que chamo realmente de educação – cujo objetivo não é fazer nenhuma transformação no mundo, e sim transformar as pessoas”. Sobretudo, por ser a leitura o alimento da alma. Pois, ela torna o nosso conhecimento mais amplo e diversificado, isto é, saber com objetividade. Hoje vejo o mundo com os olhos daquele menino que cresceu e continua ouvindo o que as coisas dizem. A minha fala é a voz das coisas. Entrei no universo das coisas e as transformei em literatura e poesia. O menino que cresceu em mim, hoje compreende a esperança como uma dependência simples e imprevisível. Enfim, ler é compreender e saber descrever o mundo com clareza.

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