7 de outubro de 2018

POR QUE O AMOR AFASTA?

O amor afasta por vários motivos, pelos quais nem desconfiamos. Um deles é quando se diz a uma pessoa que a ama. Não deixa de ser uma cobrança implícita. Quem ama espera ser correspondido. No entanto, nessa fala há uma expectativa de retorno e caso o outro não esteja disposto amar de volta, pode ser um transtorno para ambos, até a amizade fica estremecida. A gente sabe, por exemplo, que uma pessoa que ama muito ou é louca pela outra, num dado momento ela pode transformar sua vida numa tortura e de quebra se virar contra você. Para o senso comum, amor e ódio estão muito próximos. Existe também outro agravante que quando a pessoa diz que te ama ela fica chata e inconveniente. Como ela fala que te ama, de certa forma entende-se que também hipotecou o seu comportamento e a partir daí você tornou-se um devedor desse amor.

De modo que, já que ela te ama deve atendê-la e estar a sua disposição o tempo todo. Exatamente por conta desse amor e aqui chegamos ao ponto crucial. Afinal, é bom ser amado o tempo todo? Será que o amor pode conviver com rotinas? Para o amor existe cura? É possível confiar nas pessoas que se diz nos amar? Como curar a insegurança de homens e mulheres diante do amor? Será que o amor verdadeiro morre? O amor é uma experiência prática e jamais teórica. Se você nunca entendeu as razões, das literaturas estarem cheias de exemplos de pessoas que “morrem de amor”. É bom que se diga, que nenhuma teoria do amor vai salvá-lo do vazio que é nunca ter sofrido por amor. O que quero dizer com isso? Que a gente tem que tomar cuidado com esse excesso de expectativa, criado em torno do amor.  

Foi a partir do século XVIII e XIX, que o amor romântico passou a ser visto como uma forma de vida pura. No entanto, é absolutamente normal, alguém dizer que está amando e o amado fugir. Talvez por trauma ou por ter sofrido uma decepção profunda no amor. As pessoas tem medo de sofrer por amor. O amor romântico, muitas vezes é antiético, porque nos coloca em situação de tensão entre o desejo e o medo: Primeiro, talvez por não querer o amor daquela pessoa. Segundo, pode ser que não queira aquele tipo de amor, possessivo e manipulador. Terceiro, sabemos que uma pessoa que ama e se por acaso vier a se machucar com esse amor, pode facilmente tornar-se uma inimiga mortal. Quarto e ultimo, a ideia de que ser amado significa uma coisa boa, pode ser a perda de uma excelente amizade, porque certamente um vai chatear e sufocar o outro e vice-versa. O amor fica e a amizade acaba por egoísmo de ambos.  

Portanto, o amor não combina com cobranças. Quem ama não precisa disso. Quando a cobrança se faz necessário é porque já não há crédito. Não se deram conta ou não querem aceitar o óbvio. Acabou a espontaneidade e esse é o primeiro sinal do fim do amor. O que não é espontâneo é induzido, forçado, compulsório. E o que se cobra não é natural. Penso que ninguém devia reivindicar atenção do outro por amor. Isso é mendicância, falta de amor próprio. Dificuldade de viver sua própria vida. Quem passa o tempo todo cobrando amor, consideração, carinho e reciprocidade, afasta o amor. As pessoas não percebem que é o jeito mais direto de atentar contra si mesmo, destruindo sua autoestima e afastando quem supostamente te ama. Até porque o amor romântico era chamado pelos medievais de “doença da alma”. Enfim, o medo que temos de sofrer nos afasta das possibilidades da vida, nos afasta da própria vida.

Um comentário:

  1. O Amor ... Há o Amor, Tudo sofre tudo suporta; a porta é a mesma e as chaves são iguais...

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