21 de julho de 2018

É NO CORPO QUE O AMOR SE REVELA

O que era implícito deixou de ser, através do corpo torna-se evidente tudo o que sentimos e omitimos. Somos um corpo e, é com ele que manifestamos nossos sentimentos e emoções. No corpo o amor se materializa, dando pistas dos nossos sentimentos mais nobres. Mostra com sua linguagem corporal quem de fato amamos. O corpo não consegue esconder sentimentos desta magnitude. Procura ficar diante de quem se ama depois de algum tempo longe. Profundas transformações fisiológicas ocorrem no momento do encontro. A primeira manifestação física é do coração que dispara e em seguida as pernas ficam tremulas, quase não sustenta o corpo. A voz não sai direito, ficamos sem assunto diante um do outro. É no corpo que enxergo o pulsar do amor. De modo que, o nosso cartão de visita é o corpo, que coloca em evidência a nossa relação com o mundo sensível e o mundo das ideias como diz nos seus diálogos, o filósofo grego Platão.

No entanto, essa complexa máquina humana, ainda é um mistério para muitos estudiosos da fisiologia humana. No corpo tudo é manifestação de vida, são nossos anseios de vida por mais vida. Mas que tipo de vida buscamos? Penso primeiro na saúde, porque um corpo doente nos faz sofrer, enquanto o amor nos faz viver. Todavia, se o corpo não falasse as palavras não teriam sentido. Foi o psicanalista austríaco Wilhelm Reich, o primeiro que começou a observar seus pacientes e fez a descoberta do que já era evidente. O corpo expressa sentimentos e emoções contidas, involuntariamente, Reich percebeu que o modo de estar em silêncio da pessoa, podia significar tanto quanto uma declaração de amor. O psicanalista Wilhelm Reich passou a ver e a interpretar a comunicação não verbal mostrada pelo corpo. Sentimos e expressamos através do corpo, sem saber o que mostramos aos outros.

As pessoas não sabem o que exprimem ou manifestam facial e corporalmente, pouco percebem ou sabem de sua “couraça muscular do caráter”, noção central para Reich. A couraça é todo o esforço muscular que a pessoa faz, afim de não mostrar e disfarçar o que deseja ou o que sente. É um paradoxo. Só consegue disfarçar eficazmente para si mesma, porque ela não se vê. Na verdade, a pessoa sabe o que está sentindo, mais não sabe o que está mostrando para os outros, que estão vendo e observando o tempo todo. De modo que, para os que amam viver, o corpo não pode ser aquele talento que o imprudente, enterra como diz nos Evangelhos. Sendo o corpo nossa forma de presença no mundo, no qual nascem todos os nossos conteúdos íntimos como emoção, crença, conhecimento e o amor pleno. O corpo é pré-história da nossa vida interior, esse parece ser para nós o templo de todos os sentimentos, que precisa ser respeitado.

Portanto, movimentar de maneira consciente o corpo é uma forma de meditação que aprofunda o ser humano em si mesmo. Ouvindo o corpo é que encontramos o caminho para a nossa interioridade. Ao ouvir a voz do corpo somos levado ao nosso “eu” profundo. O corpo coloca em evidência o amor pela vida, o gosto pela solidariedade, o cultivo de fortes amizades, o amor pelos pais. Isso tudo é um abraço erótico que damos em nosso mundo, um abraço cheio de energia que vem do melhor de nós. Somos constituídos e constituintes de nossa sexualidade. Somos sujeitos e, igualmente, somos as sujeitados. Entender essa dialética do corpo e da sexualidade é o começo de tudo. Para poder falar e sentir amor. O amor é a construção plena dessa dialética. O maior projeto humano é o amor. Nenhum sucesso, de nenhuma natureza ou proporção, compensa o fracasso amoroso. Contudo, nunca escolha perder aqueles que você ama. Enquanto eles somem de vista, uma parte de você morre com eles. Até que você vê um dia, pedaço por pedaço do seu corpo sumindo com eles. Não restará nada de você para chamar de vivo ou morto. Enfim, a morte quando nos achar, não pedirá um conceito, mas uma história de amor.

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