29 de abril de 2016

SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO

A educação brasileira deveria sem dúvida alguma, encontrar-se numa grande encruzilhada para debater o momento presente que o país atravessa. O problema é que não se encontra, e nem se quer tem um projeto educacional que possa apresentar a sociedade. A educação no Brasil está na mão única da exclusão social. Não temos um projeto social para uma educação de qualidade, que é o centro do processo sistêmico e faz toda a diferença na formação do pensamento crítico. Vivemos uma economia excludente e assistimos um Estado corrupto. Que esperança nos resta diante dos fatos?

Do ponto de vista dos países ricos, o sistema educacional brasileiro é visto como formador de consumidores, onde o povo é adestrado para não pensar. A lógica, o conteúdo claro e oculto da educação é este: “saber para dominar, dominar para enriquecer, enriquecer para desfrutar”. Sendo assim, a educação deixa de ser um compromisso social. Tudo é consumo, até as pessoas estão sendo coisificadas, é a vanguarda da mecanização do homem. Subir na vida significa que muita gente, muitos povos sirvam de escada para alguns poucos que tem esse privilégio. É possível uma alternativa para este quadro atual? Seguramente que sim! Educação não é privilégio, é compromisso social. Como podemos começar? Mudando a mentalidade vigente e enfrentar com realismo esta situação excludente que perpassa a todos.

Entretanto, uma indústria que se moderniza é aquela que enxuga sua mão de obra descartando pessoas, apostando na robotização, na informatização e na automação. Ou seja, a espiritualização das máquinas. A consequência disto é o desemprego em massa crescente e o aumento do mercado informal e clandestino na sociedade. A pergunta que ninguém se atreve a fazer é: será que a máquina necessariamente leva a criação de pessoas descartáveis? Todos sabem qual é a resposta. Neste sentido eu pergunto: para que estudar? Para ser engolido por esta estranha máquina de entortar e triturar pessoas que é a atual economia mundial?

O grande problema da educação brasileira como um todo, é que ela, claramente, diz formar pessoas para a vida e, ocultamente, vai selecionando, classificando as pessoas para serem excluídas e só uma minoria incluída, isto é, aqueles poucos privilegiados. É o que a educação pública faz, sobretudo, através de avaliação escolar que nada mais é do que um processo de seleção e classificação das pessoas. Assim, existem os aptos e os inaptos. Para nós educadores captar, perceber este mecanismo já é uma possibilidade de mudança. Adianta sim e muito, garantir escolas de qualidade para todos. Se possível garanti-la numa outra perspectiva, que não a de exclusão social.

Portanto, sou a favor da tecnologia, mas, como meio, nunca como fim. Ela não nasceu (pelo menos não deveria) para substituir pessoas, criar sofrimento e divisões. É possível olhar a educação por outra perspectiva que não seja esta. A educação não existe somente para as pessoas subirem na vida e sim para formar cidadãos, seres humanos. Povo civilizado, teoricamente é um povo educado. Se nossos jovens não refletirem sobre isto, continuaremos criando cidadãos de segunda categoria, sem dignidade, propenso a violência. Contudo, em vez da lógica da exclusão, porque não criarmos a cultura da solidariedade. Isto a educação sabe fazer e muito bem. Ainda temos uma gama enorme de professores lúcidos no Brasil.

Um comentário:

  1. Uma cultura que incentive o conserto do que está quebrado poderá desviar para os serviços aqueles que
    insistem em procurar industrias para trabalhar.

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