26 de abril de 2016

EDUCAÇÃO NA CULTURA CAPITALISTA

Segundo o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900): “a educação é uma coisa admirável. Mas é sempre bom lembrar, de tempos em tempos, que nada daquilo que realmente vale à pena saber pode ser ensinado”. Isto porque no mundo globalizado a educação perdeu o seu sentido. Neste contexto macro-econômico a educação não é prioridade. Parece que é importante se preocupar em assegurar a abertura da economia mundial e reverter gradativamente os índices de desemprego. Por conseguinte, o que o mundo globalizado pede hoje dos povos e dos governantes, é que se esforcem para preparar mão-de-obra qualificada. Ninguém se preocupa hoje em dia em ser culto, educado, com boa formação em humanismo e com um pensar crítico, para sabermos o que é prioridade para nós, na atual globalização mundial.

Lendo alguns desses autores, que discutem a economia mundial, criou-me certa indignação, ao dizerem que conhecimento não é para o povo e não garante realização e satisfação pessoal a ninguém, mais do que poder consumir que na opinião deles, é mais importante que o saber. Bens de consumo é uma meia verdade! Haja visto, as produções culturais em cinemas, músicas e televisão norte-americana. Abastecem com 70% a programação mundial de TVs. Na verdade, é 70% de besteirol puro, a chamada cultura das massas! É isso que o povo consome e quer consumir? Com esse raciocínio recheado de tabelas, índices e percentuais que certos políticos saem por aí disseminando um pensamento que é só dele. Com um tom seguro e veemente de quem faz ciência, de quem fabrica a realidade. A contragosto é visto pela massa como sendo natural que os governos não invistam em educação, para conter a inflação, gerar investimentos e garantir a inserção no mercado global. Pura sandice, não passa de uma ideologia barata.

Entretanto, acredito com meu corpo e com minha mente que no Brasil, existem pensadores e teóricos mais lúcidos, e que eles estão, em grande parte, trabalhando na educação. São pesquisadores, filósofos, cientistas, artistas, ativistas, ou seja, pessoas sérias e que levam a educação a sério. São os educadores de hoje que estão na berlinda dos tempos, resgatando e promovendo valores que humanizem, ao menos um pouco, o que não tem volta que é essa corrida para a globalização. Ainda nos resta uma esperança de salvaguardar, de um lado, um campo epistemológico, e de outro, a qualidade dos processos coletivos de produção da cultura, dos valores e da beleza. É preciso restabelecer a saúde do nosso idioma que é mal falado. Penso que a humanidade como um todo precisa se responsabilizar por acudir urgentemente este empobrecimento global da subjetividade, onde se prefere ler Harry Potter (uma série de sete romances de fantasias que narra as aventuras de um jovem bruxo cheio de problemas -  cultura de massa), em detrimento do que vem do saber popular e dos grandes nomes da literatura, da música, da pintura, etc.

Precisamos resgatar uma humanidade que pensa, que sente e que cria, pois, é uma tarefa de todos, mas nesse processo, o condutor especial e privilegiado ainda é o professor. O agenciador dos focos coletivos de enunciados, principalmente quando rejeita o papel de formador de homogeneidade. O professor é o fio condutor na rede dos processos de formação do saber e da cultura. Principalmente no contexto acadêmico, na escola, que se constrói na ação com outros. Pois é ali que a criança se exercita, adolescendo e formando-se adulto. E quem ajuda muito nessa transformação e construção ainda é a figura do professor. Mas não cabendo mais ao professor o papel de detentor e transmissor de conhecimento pronto e acabado, o que se espera hoje daquele que conduz o aluno na busca do conhecer-se e de conhecer o universo é muito mais do que só transmitir. É despertá-lo para uma nova realidade.

Portanto, um só professor não move um oceano de eventos e fatores. Mas, cada um na lida cotidiana com a educação, com as equipes, com os alunos e com toda a comunidade acadêmica, agenciando pontos de partida e viabilizando o percurso, de modo a enriquecer todo o processo. Movemo-nos nas micro-políticas. Plantamos a dúvida em alguns, deixamos outros encontrarem certezas, outros tantos se descobrirem através dos próprios erros. Acompanhamos atentamente o surgimento de brotos de conhecimento e de sabedoria na alma dos nossos alunos. Eu sei que ocorre assim, pois carrego comigo até hoje, claramente sonoras ainda, palavras que ouvi dos meus mestres e que falam comigo, mostrando, instruindo, asseverando, alertando-me, instigando a dúvida, amparando minhas descobertas mais importantes, nos meus quase vinte anos como educador. Hoje saem das sombras da minha mente essas lembranças, que trazem a voz viva daqueles que fizeram eco em minha formação educacional. Contudo, através dos meus mestres, revela o que sou hoje e os sonhos que plantaram em mim. Acredito que a convivência no amor nos transforma e recria um ao outro.

Um comentário:

  1. Acredito que a convivência no amor nos transforma e recria um ao outro...........Sabe que amo suas ideias, e tudo que escreve, aprendi te amar, conhecendo suas ideias, e nossos longos papos, muito aprendi com você....bjim

    ResponderExcluir

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...