2 de março de 2016

EDUCAÇÃO DEFORMADA AMOR SUBLIMADO

Nossa educação é feita para quebrar qualquer personalidade, menos para educar. No entanto, repetimos a educação que recebemos, na certeza de que estamos dando o melhor de nós aos nossos filhos. Continuamos perpetuando os mesmos erros e nada mais. Podemos citar como exemplos, pessoas que surgem e brilham intensamente em nossas vidas e passam rápido, deixando marcas profundas em nosso ser. Uns se instalam em nossos corações de forma que jamais os esquecemos. Outros caminham conosco, dividindo momentos de alegria e tristeza, outros ainda partem e nunca mais os encontramos. Entretanto, em todos os encontros nenhum ocorre por simples e mero acaso, de modo que cada pessoa deixa sua marca registrada em nossa memória, no mural do espaço sagrado da saudade. A questão é que não sabemos compartilhar esses nobres sentimentos. Gostamos de receber, mas, não aprendemos a cultivar. A única maneira de se ter um amigo é ser um.

A vida é um grande mistério, uma aventura extraordinária. Tendo em vista, que nada acontece por acaso e todos os encontros deixam registros em nossa memória, se houve algum encontro íntimo e de boa qualidade esse registro fica no DNA. Como um carimbo, difícil de ser apagado. Porém, o que torna realmente a vida bela e faz tudo valer a pena, resume-se em uma simples palavra que poucos compreendem o seu significado: “amor”. Todavia, confundimos amor com sentimento de posse, apego e paixão, mas, ainda estamos distante do real significado desse sentimento sublimado. Nesse sentido, o amor verdadeiro é sublime, nada exige em troca, nada espera, não condena e é capaz de renúncias grandiosas. Afinal, o que leva uma pessoa a ser egoísta? Por que da dificuldade em dar e receber amor? Por que desconfiamos e duvidamos do amor? Nossa natureza reclama a falta desse contato interpessoal e essencial para nossa sobrevivência.  

Entretanto, esses conflitos afetivos que trazemos não os herdaram por acaso. Nessas condições, todos os fatores educativos têm sua origem na tera idade, ou seja, na infância. Criar circunstâncias favoráveis ao desenvolvimento em família não é uma questão simples, diante da educação deformada que herdamos. Pais que tem autoridade frente à família, não precisa fazer valer a sua dignidade, pois é capaz de tolerar opiniões contrárias à sua, permite que os membros da prole expressem uma vontade própria, colocando-o após isso, em discussão autêntica e racional a questão em pauta. Parafraseando o psiquiatra e educador Içame Tiba (1942-2015): “Quem ama educa com limite. Quem cria da tudo sem limite”. Aquele que tem autoridade não precisa parecer diante do outro como um Deus, infalível, mas pode se apresentar como adulto passivo de erros. Não precisa apelar para a punição ou ofensas para mostrar que está certo ou que tem autoridade. Obediência fundamentada no medo não tem duração.

Todavia, há uma gama imensa de possibilidades de erros na educação de criança que podem ser cometido pelos pais e educadores. Em muitos casos pode haver uma relação bastante estreita de amor entre pais e filhos. Mas como os pais também tiveram uma educação inadequada e, muitas vezes, são ignorantes, os filhos naturalmente, sofrerão as consequências nas futuras relações. Os estudos vêm mostrando nos últimos anos o aumento de pessoas desorientadas e desajustadas psicologicamente, que não são capazes de amar. Essa deformação no mínimo começa na família. Crianças que cresceram em atmosfera desprovida de amor, que não se sentiram amadas nem pelas próprias mães, têm a tendência a se sentir durante toda a vida como pessoas aptas a receber amor. Estarão sempre à procura daquela pessoa que será capaz de dar-lhes aquilo que foi negado na infância. Vivem como se fosse obrigação dos outros a amarem. Ninguém da o que nunca teve?

Portanto, inconscientemente agirão sempre como criança, que necessitam da ternura da mãe ou do pai e que desesperadamente procuram ser amadas, sendo, contudo, incapazes de amar e dar amor. São essas relações doentias do tipo egoísta que está muito mais propenso em cobrar atenção e amor do que dar carinho e amar quando estão tomados de amor. Amor não é uma coisa que aparece a todo o momento em nossas vidas. E quando aparece jogamos no lixo, por insegurança ou medo de não ser feliz. Qual a garantia do amor senão vivê-lo? Contudo, a mais sublime prova de amor que o Nosso Pai Maior nos deixou foi na cruz: “Senhor perdoa-os porque não sabem o que fazem”. Esse é o amor desvelado, sublimado, em sua essência mais pura, que perdoa incondicionalmente, que compreende sem exigências, serve sem apego e ama com desprendimento. Um dia, todos comungarão na sintonia do amor sublimado e vivenciado por Jesus. Devemos perdoar nossos pais por sofrerem do mesmo mal que sofremos hoje. Vamos repensar a nossa educação para não estragar as futuras gerações. O amor é o símbolo da nossa própria existência.

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