13 de março de 2016

LEMBRANÇAS AO MESTRE COM CARINHO

Este texto é tão bom que poderia ser meu, pena o autor ser desconhecido. Vou adaptar alguns trechos sem comprometer a essência do texto. Parto do pressuposto, que quando temos bons professores em sala de aula o resultado só pode ser esse, cuja história vou contar. É uma lição para toda a vida. Desde estudante até tornar-me professor sempre vi na leitura e na escrita, grandes possibilidades de comunicação com o mundo e com o universo humano. Por sua vez o estudante do ensino médio tem por obrigação dominar mecanismos de leitura e expressão escrita. Quando o professor pede esse tipo de tarefa para seus alunos, o objetivo deve ser aprofundar e dominar determinados assuntos e conhecimentos que o aluno ainda não tem. Propor ao aluno que crie uma espécie de diálogo com o texto estudado e não mera opinião isolada, sem relação alguma com a leitura. Sendo assim, cada um terá consciência de que o saber é para ser partilhado, ele não está fechado e acabado em cada texto que se produz. Todo ensaio literário sempre tem algo a acrescentar.

Pois bem, tenho grande apreço para com os bons professores de filosofia. Tendo em vista, que a gênese da filosofia é antes de tudo discutir a vida. Certa vez um professor de filosofia pediu aos seus alunos para escrever os nomes de cada colega da sala em dois pedaços de papel, deixando um espaço entre cada nome. Então, ele propôs para que eles pensassem na melhor coisa que eles poderiam dizer sobre cada um de seus colegas de sala e escrevessem nos papéis. Esta atividade levou quase a aula toda para ser terminada e, quando os estudantes saíram, cada um entregou seu papel ao professor filósofo.

Na semana seguinte o professor escreveu o nome de cada estudante em pedaços de papel separados e, abaixo de cada um deles, escreveu o que todos os colegas pensavam sobre ele. Quando chegou no dia da aula de filosofia, o professor deu para cada aluno sua lista. Depois de alguns minutos a classe toda estava sorrindo, com uma pergunta implícita: “Mesmo?” Ele escutou alguém sussurrar: “Eu nunca soube que significava alguma coisa para alguém!” Outro aluno comentou: “Eu não sabia que os outros gostavam tanto de mim!” Era um comentário só na sala de aula. Parecia a Praça de Ágora de Atenas, um local na Grécia Antiga, por excelência um lugar de manifestações das opiniões públicas. Esta era a ideia do professor de filosofia, cria espaço de espanto e admiração no grupo de alunos.  

O tempo passou, e ninguém nunca mais falou sobre o papel escrito na sala de aula. O professor nunca soube se discutiam sobre o papel escrito depois da aula ou com seus pais, mas não era nenhum problema para se preocupar. No exercício da sua profissão como educador tinha cumprido com seu objetivo. Os alunos gostavam da sua aula e estavam felizes com eles mesmos e uns com os outros. Depois de algum tempo, aquele grupo de alunos se dispersou. Muitos anos depois, um dos alunos foi morto na guerra do Vietnã e o professor ficou sabendo e foi ao funeral. Esse aluno ainda era lembrado pelo mestre. Pois o professor nunca tinha visto um patriota num esquife militar antes. No caixão parecia tão sereno e tão maduro, pensou o professor.

A igreja estava lotada de amigos. Um por um que o amava deu sua última caminhada até o esquife. O professor foi o último a abençoar o esquife. Enquanto o professor ainda estava por ali, um dos soldados que levava o esquife veio até ele e perguntou: “Você era o professor de filosofia do Mario?”. Ele balançou a cabeça e murmurou: “Sim! Ele era um dos meus alunos”. Então, disse o soldado: “Mario falava muito sobre você!” Naquele clima de tristeza, era preciso descontrair um pouco. Para atenuar aquela tensão e atualizar a conversa, muitos dos ex-colegas de Mario, após o funeral foram todos para uma lanchonete ali próxima. A mãe e o pai de Mario também foram a tal lanchonete, na expectativa de falar com ex-professor de Mario. Não aguentaram e foram direto ao ponto, disse o pai: “Nós queremos lhe mostrar uma coisa”. Tirou uma carteira do bolso e disse ao professor: “Eles acharam isso com o Mario quando ele foi morto. Nós achamos que você poderia reconhecer isso”.

Abrindo a parte do dinheiro, o professor cuidadosamente removeu dois pedaços de folha de caderno que foram dobrados varias vezes. O professor sabia, sem olhar, que aquele papel era o que ele tinha anotado todas as coisas boas que os colegas de Mario falaram sobre ele. Foi aí que a mãe de Mario disse: “Muito obrigado por ter feito isso!” O professor continuo firme ouvindo a mãe de Mario dizer: “Mario tinha isso como um tesouro!”. Naquele momento todos os colegas de Mario se reuniram em torno da mesa. Carlos sorriu e disse: “Eu ainda tenho a minha lista, está na primeira gaveta da minha escrivaninha em casa”. A mulher de Silvio disse: “Silvio pediu-me para colocar a lista dele no nosso álbum de casamento”. A ex-aluna Miriam disse: “Também tenho a minha, está no meu diário”. Outro colega de Mario, o Vitor, colocou a mão na sua bolsa e tirou sua carteira mostrando a lista para o grupo. Disse ele: “Carrego isto comigo o tempo todo”. E sem olhar em volta, ele continuou: “Acho que todos nós guardamos nossas listas”.

Entretanto, foi nesta hora que o professor emocionado, sentou-se e com os olhos cheios de lagrimas e a voz embargada. Ele estava triste por Mario e por todos os seus amigos que nunca mais poderão vê-lo. Apesar da tristeza, o professor soube naquele momento, a diferença que fez na vida de todas aquelas pessoas ao seu redor. Lembre-se: “você só colhe o que planta”. Todavia, o professor estava colhendo o que plantou na vida daqueles jovens: “Amor e Amizade”. Tudo que colocar na vida de alguém, volta para a sua, através da lei da atração. Então, espalhe bondade, seja generoso com as pessoas, propague sorrisos e faça alguém muito feliz.

Portanto, a vida é feita de oportunidades que nos é dado a todos os momentos. Aproveito desta lição de vida, por ser oportuno, formulo aqui algumas perguntas ao leitor: “Se alguém rezar pedindo paciência acha que Deus dará paciência? Ou Deus dará a oportunidade de ser paciente? Se pedirmos coragem, Deus nos dará coragem ou nos dará oportunidades de sermos corajosos? Se alguém pede que a família seja mais unida, acha que Deus une a família com amor e alegria? Ou da a eles a oportunidade de se amarem?”. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...