18 de março de 2016

SAUDOSA E QUERIDA MAMÃE

Perder uma pessoa que amamos é uma experiência terrível, um grande vazio é aberto em nossa alma e muitas vezes nunca mais conseguimos preencher este espaço e a lembrança dos bons momentos e tudo aquilo que vivemos e aprendemos consegue nos dar um pouco de conforto. Por que estou puxando para esse assunto nostálgico? Porque, exatamente hoje, minha mãezinha se estivesse viva faria cento e doze anos de vida neste mês março, pois ela morreu há seis anos. Não sou fruto do vosso ventre, mas ela me devolveu a vida e sustentou com o seu amor desde o primeiro dia que me adotou.

Minha querida e saudosa mamãe, quando eu era criança encontrei em teus braços a segurança. Muitas vezes quando estava indeciso, encontrava sempre em sua fé a certeza, naqueles momentos que já não sabia mais o que fazer. Foi nos seus exemplos que encontrei a esperança. O tempo foi passando e algumas vezes me afastei de ti. Hoje entendo que são os erros da juventude que faz a gente sentir invencível, outras vezes não a quis por perto, como faz a maioria dos jovens com seus pais. Com certeza, dos meus lábios saíram palavras que te ofenderam. Por sorte, o teu amor não era perecível. Para a minha sorte, a senhora nunca desistiu de mim.

Querida mamãe, o tempo passou e muitas coisas mudaram. Tive que aprender a ver o mundo com outros olhos. Muitas coisas mudaram nesses anos que a senhora partiu. Mas o meu amor pela senhora permaneceu inalterado. Quando partiu senti sua falta e minha vida afundou numa solidão só. Nem todas as lágrimas que chorei, foram suficientes para preencher o vazio que meu coração sentia. Tudo ficou triste, sem sua presença o mundo ficou frio e indiferente. Mas, hoje o passado se revela e percebo que a senhora nunca esteve distante. Seu amor sempre esteve comigo no passado e continua no presente preenchendo o vazio que ficou. Sua presença levarei comigo nas lembranças de um futuro longínquo. Saudosa mamãe carrego em meu coração uma parte de ti. Mesmo sendo uma parte, porém me sinto completo, pois nela está impressa a lembrança do amor verdadeiro.

Querida Lazinha, como era conhecida em Rubião Junior, distrito de Botucatu SP. Era uma mulher simples, mãos calejadas da lida rotineira, que aprendeu a curar das dores do mundo com sua fé em Santo Antônio e Nossa Senhora da Aparecida. Ela tinha o rosto iluminado pela labareda que tinha origem no fogão a lenha. Trazia consigo o dom de devolver à calma, que a vida tantas vezes insistiu em lhe roubar. Quando passa esse filme em minha memória, do fogão a lenha, panela preta escondendo a brancura do arroz feito na hora. É uma cena que meu coração nunca soube esquecer. Eis que o cordão umbilical do tempo me convida ao retorno a infância. É como se um fio me costurasse de novo ao colo da mulher que me segurou para continuar a vida e agora pudesse me regenerar. Vale lembrar, que saudade de mãe é ponte que nos favorece a um retorno a nós mesmos. Travessia que borda uma identidade muitas vezes esquecida, perdida na pressa que nos leva. Saudade de mãe é devolução, é ato que restitui o que se parte; é luz que sinaliza o local do porto, é voz no ouvido a nos acalmar nas madrugadas de desespero e solidão, através de uma frase simples: “Dorme com os anjos”.

Portanto, hoje, em que a vida me fez sentir criança de novo, neste instante que esta cena feliz tomou conta de mim, uma única palavra quero dizer: “Oh minha mãe, que saudade sinto da senhora”. Foste exemplo em todos os momentos de minha existência. Estimulou-me para as posturas essenciais da vida. Contigo tive as melhores lições de doação, alegria, respeito, compaixão, solidariedade, paciência, tolerância, misericórdia, enfim, o que é viver dignamente. Contigo aprendi, sobretudo, o valor do trabalho. Foi exemplo de amor ao próximo, aos animais, à natureza. Principalmente, em saber ser amiga leal e verdadeira. Mas, foi acima de tudo mãe. Como tudo passa sobre a terra, passamos todos. Talvez para quem saiba um dia, termos o prazer de nos encontrar seja lá onde for. Querida e saudosa mamãe, aceite o meu beijo nessa homenagem, não só pelo dia que me é consagrado, mas também pelo dia do seu aniversário, caso estivesse viva. Lazinha, minha saudosa mãezinha, onde estiveres que estejas bem. Sua benção minha mãe!

Um comentário:

  1. Hoje entendo que são os erros da juventude que faz a gente sentir invencível, outras vezes não a quis por perto, como faz a maioria dos jovens com seus pais. Com certeza, dos meus lábios saíram palavras que te ofenderam. Por sorte, o teu amor não era perecível. Para a minha sorte, a senhora nunca desistiu de mim....Lindo isso a maior qualidade de um ser humano e o reconhecimento do erro, te conhecendo e sabendo de quanto ela lhe foi querida, me orgulho de ler estas suas falas...bjim em seu coração..

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