7 de maio de 2015

A LEITURA COMEÇA EM CASA

A leitura no mundo moderno é a habilidade intelectual mais importante a ser desenvolvida e cultivada por qualquer pessoa de qualquer idade. Os jovens que não tiveram a oportunidade de descobrir os encantos e os poderes da leitura terão mais dificuldades para realizar seus projetos de vida do que aqueles que escolheram a leitura como companhia. Apesar dos atrativos atuais trazido pelas novas tecnologias, hoje há um número expressivo de jovens que leem porque gostam e ao mesmo tempo são usuários da internet. Aqueles que são leitores têm muito mais chances de usufruir do vasto conteúdo da internet, do que aqueles que não têm contato com a leitura de livros, jornais e revistas. Contudo, é a leitura literária (contos, crônicas e narrativas), que alimenta a imaginação, a fantasia, criando as condições necessárias para pensar um projeto de vida com mais conhecimento sobre o mundo, sobre as coisas e sobre si mesmo.

A família é decisiva para incentivar a leitura. Além do exercício intelectual partilhado, a leitura entre pais, filhos, irmãos, tios e avós agrega o componente afetivo de maneira muito forte, fortalecendo o ato de ler. Hoje compreendo que ler junto com os filhos é dar afeto também. Nas famílias com poder aquisitivo para comprar livros e que já estejam motivadas para ler com os seus filhos e conversar com eles sobre os livros, essa tarefa é mais fácil. Eles sabem o quanto esse ato é importante para a educação dos filhos e para fortalecer os laços de amizade na família. Difícil é para as famílias de baixa renda, que não podem comprar livros e que muitas vezes não são elas mesmas leitoras. Nesses casos, temos conhecimento de ocorrências no sentido inverso que são emocionantes. Os filhos de pais analfabetos levam a leitura para seus pais que, orgulhosos e curiosos, partilham o ato de ler como um bem precioso. Mesmo sem serem leitores, eles sabem que isso vai proporcionar uma vida melhor do que a que tiveram para seus filhos.

No entanto, o analfabeto percebe melhor do que ninguém, o que é estar excluído do mundo à sua volta por não saber ler e interpretar com independência. Por isso, ele quer para seus filhos a condição de letrados. É obrigação de todos nós, que temos o privilégio de sermos leitores, enfrentarmos os entraves criados por uma sociedade brasileira elitista e conservadora para que todos tenham a oportunidade de trilhar o caminho da leitura e decidir, por eles mesmos, se querem continuar nele ou não. Vejo isto como uma decisão pessoal de cada um desde que as condições sejam dadas e garantidas pelos governos com bibliotecas escolares, públicas e professores, em conjunto com bibliotecários formadores de jovens leitores.

O acesso aos livros aumentou, principalmente nos últimos 20 anos. Os programas dos governos de compra de livros de literatura para as escolas do ensino fundamental e médio mudaram o cenário literário. Atualmente, a grande maioria das escolas públicas brasileiras tem um acervo de livros de literatura de qualidade para uso de seus professores e alunos. Mas, para que essa conquista resulte efetivamente em mais leitores, tem que estar integrada com outras ações dos governos e da sociedade em que a leitura seja considerada um bem cultural desejado e valioso. Quero dizer com isso que, por exemplo, a formação dos professores do ensino fundamental e do ensino médio deve ter o seu eixo principal na leitura e na escrita. Somente com professores que sejam leitores, será possível exigir dos alunos que eles leiam, interpretem e escrevam com fluência.

Por outro lado, as escolas devem incentivar projetos para criação de bibliotecas, começando com pequenos acervos. Abri-la todos os dias e todos os horários e orientar os professores para que a usem como fonte de referência para seus planejamentos e para suas leituras, além de ser local de visita livre, e também obrigatória, por parte dos alunos. O projeto pode contemplar grupos de leitura livre para os professores e grupos de estudo na biblioteca. Ela deve estar aberta às famílias que deverão ser convidadas a participar de suas atividades e mesmo contribuir, como voluntárias, para a sua organização. Organizar feiras de livros e convidar escritores será eficiente, se a leitura fizer parte central do projeto da escola e a biblioteca for o seu cérebro de onde emanam as ideias, os questionamentos e os projetos, assim como também, um lugar para simplesmente desfrutar da boa leitura como lazer.

Portanto, faço parte daquele grupo de educadores, que acha que as novas tecnologias como a internet não tiram, nem vão tirar o prazer de ler um livro de literatura. Se alguém sentir a mesma emoção ao ler um texto literário na tela do computador, que uma pessoa sente lendo no livro, e se isto possibilitar que ambos pensem sobre o que leram e possam trocar suas opiniões, sentimentos e ideias, é o que importa. Essa é a função integradora da literatura. A escrita literária faz-nos olhar as palavras de maneira única e especial, e mobiliza-nos para, ao mesmo tempo em que nos deliciamos com elas, possamos viver uma história que nos leva a entrar pela página adentro, ou pela tela do computador, levados pelo fascínio dessa construção artística que poucos dominam. Contudo, acredito firmemente que todo bom professor é um bom leitor e vice-versa. Considero um bom leitor aquele que tem na literatura o seu alicerce principal que é o que abre as portas e consolida. Formar professores leitores é dar condições para que eles tomem a leitura literária como parte das suas vidas. Sem desfrutar dessa leitura, dificilmente o professor contribuirá para que seus alunos sejam leitores. 

Um comentário:

  1. Somente com professores que sejam leitores, será possível exigir dos alunos que eles leiam, interpretem e escrevam com fluência.
    sabe nunca havia conhecido alguém, como você, que ame tanto a educação, e se preocupe tanto com o aluno assim....parabéns querido lindo seu texto

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