20 de novembro de 2014

O AMOR QUE SE FEZ VERBO

Posso dizer que foi através da poesia e da literatura que conheci o verbo amar. Fui contaminado pelo amor a partir das minhas reflexões. Num encontro com os alunos do ensino médio de uma escola estadual materializei o amor. Naquele momento pude percebe o quanto de mistério existia nesse sentimento que nos fere e nos abranda ao mesmo tempo. A aula era sobre “O Banquete de Platão”, onde se discutia o amor platônico. Ficou claro como uma luz, que o amor nos ensina que há infinito em nós, mas que não somos infinitos. Porém, esse infinito faz parte da criatura humana, mas o meu eu não é infinito. Compreendi que o amor é capaz de nos ensinar estas duas lições, por isso ele é abençoado. Senti naquele momento que o amor, além do mistério que o cerca, ele se faz presente através do contato físico, do aconchego, das trocas calorosas e principalmente, pelo prazer de conversar com a pessoa amada. Nem que seja por telepatia. A música “Said I Loved You But I Lied”, interpretada por Michael Bolton, vem reiterar o que estou afirmando: “Disse que te amava, mas eu menti. Pois isso é mais do que amor que sinto por dentro”. Como diz Platão num dos seus diálogos: “Só te ama aquele que ama a tua alma”. Talvez por isso que o amor seja triste e sofrido.

Todavia, o meu encontro com o outro se da pelo olhar. É no olhar que te vejo, pois, no olhar eu te mexo, só de olhar nos excitamos. Logo, é pelo seu olhar que me entrego de corpo e alma. Estas coisas não são verbalizadas com clareza. Só quem ama entende. Fiz os alunos viajar nas ideias inatas de Platão. A beleza do outro está no olhar, porque nele está o passaporte para a sua alma. É na alma que o amor reside com toda sua força e plenitude. O Belo não está no corpo, mas, na essência da alma. Somente o amor o torna capaz de conscientizar o outro daquilo que ele pode vir a ser. Nesse momento sou a vela e o amor é a chama, que arde pelas nossas entranhas e ilumina a nossa alma, até o ultimo suspiro. Como dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900): “Quem tem um porque para viver, pode suportar qualquer coisa”. Um dia vamos deixar esse mundo da matéria.

Leo Buscaglia foi um dos maiores escritores acerca do amor no século XX, que coincidentemente faleceu aos 74 anos no dia dos namorados, 12 de junho de 1998. Ele dizia que: “Viver o amor é o maior desafio da vida. Porque exige mais sutileza, flexibilidade, sensibilidade, compreensão, aceitação, tolerância, conhecimento e força espiritual, muito mais que em qualquer outro esforço ou emoção”. Tanto é verdade, que uma das coisas mais linda da natureza humana é o encontro amoroso. Neste contato vivo de intimidade profunda, de total embriaguez amorosa, somos estimulados pelas afinidades que nutrimos um pelo outro. O fato de vislumbrar alguém que primeiro nos prendeu pelo olhar, o sorriso, pela conversa agradável, é nesse momento mais feliz que chagamos o mais perto possível do amor. Todavia, podemos estar junto de uma pessoa por algum tempo, e não sentir nenhuma vibração. Não acontece nada, não da química, não há comunicação entre os corpos. Ao contrario, quando há afinidades, trocas de olhares e uma boa comunicação entre ambos, começa ocorrer um fenômeno que só pode ser chamado de amor perfeito. É um momento de iluminação a dois, a luz de um reflete o brilho do outro.

Entretanto, quando estamos num bom momento para os dois, vai descendo sobre nós uma espécie de campânula nos aquecendo e, ao mesmo tempo nos isola do mundo. São duas pessoas em estado de graça e mais nada. Poderíamos comparar esta sensação de isolamento a dois como a formação de um casulo. Ocorre o isolamento porque vai acontecer uma coisa muito importante e muito delicada. Nesse momento só existe os dois no universo. A maior prova da existência desse casulo, é que ele é natural e não cultural. Não há nada mais delicioso que a aventura do encontro de duas almas que se amam. A emoção que invade o coração da pessoa que está encantada com a outra, é de importância vital para a prática do relacionamento Tântrico. Quem pratica sente-se renascido, revitalizado, repleto de energia tântrica, de entusiasmo e alegria. Viver o amor tântrico é ambos estarem tranquilos e se ajudarem mutuamente. O amor se conduzirá por si mesmo e juntos percorrerão as mais belas e paradisíacas paisagens que ficarão marcadas para sempre na memória dos eternos apaixonados.   

Portanto, encerro essa reflexão fazendo uma homenagem à mulher que é consagrada à Deusa do Amor, pela sua forma de receber e dizer amor. A mulher que sorri sofrendo diante da dor. Carrega o mundo diante da vida. A mulher que se arruma todas as manhãs, para o início de mais um dia. Sorri para os filhos não se preocupar. Chora muitas vezes de alegria sem se poupar. A mulher que é pura emoção materna. Perdoa o imperdoável de forma terna. Perdoa infinitamente o filho indiferente. Seus olhos brilham mais que o sol nascente. Carrega o mundo em sua placenta. Será que algo mais acrescenta, por tudo que a mulher nos representa? Contudo, foi pela poesia e a  literatura que o amor se fez verbo em nossas vidas. Hoje podemos dizer o que significa o verbo amar. Porque esse verbo intransitivo é como a muralha romana, nada pode derrubar. Pelo simples fato de que seus aplicativos são para sempre.  

Um comentário:

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...