17 de novembro de 2014

HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO ESCOLAR

A avaliação deve orientar a aprendizagem. Todavia, durante muito tempo, a avaliação foi usada como instrumento para classificar e rotular os alunos entre os bons, os que dão trabalho e os que não têm jeito. A prova bimestral, por exemplo, servia como uma ameaça à turma. Felizmente, esse modelo ficou ultrapassado e, atualmente, a avaliação é vista como uma das mais importantes ferramentas à disposição dos professores para alcançar o principal objetivo da escola: fazer todos os estudantes avançarem no seu projeto de vida. O importante hoje é encontrar caminhos para medir a qualidade do aprendizado da garotada e oferecer alternativas para uma evolução mais segura nesse projeto. Avaliar, hoje, é recorrer a diversos instrumentos para fazer os alunos compreender os conteúdos previstos para sua aprendizagem.

Mas como não sofrer com esse aspecto tão importante do dia a dia? Antes de tudo, é preciso ter em mente que não há certo ou errado, porém elementos que melhor se adaptam a cada situação didática. Observar, aplicar provas, solicitar redação e anotar o desempenho dos alunos durante um seminário são apenas alguns dos jeitos de avaliar. E todos podem ser usados em sala de aula, conforme a intenção do trabalho. Os especialistas, aliás, dizem que o ideal é mesclá-los, adaptando-os não apenas aos objetivos do educador, mas, as necessidades do grupo.

A avaliação deve ser encarada como reorientação para uma aprendizagem melhor e para a melhoria do sistema de ensino, resume à educadora Mere Abramowicz, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Daí a importância de pensar e planejar muito antes de propor um debate ou um trabalho em grupo. É por isso que, no limite, você pode adotar, por sua conta, modelos próprios de avaliar os estudantes, como explica Mere: “felizmente, existem educadores que conseguem colocar em prática suas propostas, às vezes até transgredindo uma sistemática tradicional. Em qualquer processo de avaliação da aprendizagem, há um foco no individual e no coletivo, só assim fazemos educação.

Entretanto, os dois protagonistas são o professor e o aluno. O primeiro tem de identificar exatamente o que quer o segundo, a partir daí se colocar como parceiro. É por isso, que a negociação com os alunos adquire importância ainda maior. Em outras palavras, discutir os critérios de avaliação de forma coletiva sempre ajuda a obter resultados melhores para todos. Como argumenta a educadora especialista em Tecnologia Educacional e Psicologia Escolar, Léa Depresbiteris: “cabe ao professor listar os conteúdos realmente importantes, informá-los aos alunos e evitar mudanças sem necessidade por capricho de maus profissionais”. Sem falar daquele professor ou coordenador que sequestra a criatividade e assassina o sonho do aluno, transformando-o em analfabeto funcional.  

No entanto, seja pontual ou contínua, a avaliação só faz sentido quando leva ao desenvolvimento do educando, ou seja, só se deve avaliar aquilo que foi ensinado. Não adianta exigir que um grupo não orientado sobre a apresentação de seminários se saia bem nesse modelo. É inviável exigir que a garotada realize uma pesquisa, seja na biblioteca ou na internet se o professor não mostrar como fazer. Da mesma forma, ao escolher o circo como tema de trabalho extraclasse, é preciso encontrar formas eficazes de abordá-lo. Se a criança nunca viu um espetáculo no circo e nem sabe o que é, como pode entender e descrevê-lo? Vai precisar de orientação do professor, para entender e apropriar-se por escrito de tal conhecimento.

Portanto, a avaliação sempre esteve relacionada com o poder, na medida em que oferece ao professor a possibilidade de controlar a turma. No modelo tecnicista que privilegia a atribuição de notas e a classificação dos estudantes, ela é ameaçadora, como uma arma. Vira instrumento de poder e dominação, capaz de despertar o medo e o pavor nas nossas crianças. Ao mesmo tempo em que matamos o sonho dessas crianças, sequestramos o seu potencial criativo. Contudo, essa marca negativa de avaliação vem sendo modificada à medida que melhora a formação docente e o professor passa ver mais sentido em novos modelos. Só assim o fracasso do jovem estudante deixa de ser encarado como uma deficiência e se torna um desafio para o educador que não aceita deixar ninguém para trás.   

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