18 de junho de 2014

O AMOR ENTRE O MEDO E A ESPERANÇA

A esperança é a sensação motivadora que nos mantém vivos. Ter uma vida plena, um estado maior de vivência, uma libertação da tristeza eterna, acreditar no amor que sente ao invés de especular ou maltratar esse amor. Isto não é acreditar e nem apostar no amor que sente. Quando se ama com o coração e não com palavras vazias, cria-se uma expectativa conciliadora. Na verdade, esse tipo de expectativa poderia ser a esperança que tenho no amor. O mundo que nos espera não está por ser conquistado com a força, mas está por ser construído com amor. Mas se a pessoa vive num estado de passividade e de espera, isto não é esperança e sim resignação. É deixar morrer o que existe de mais sagrado na essência humana.

Entretanto, a esperança é um elemento decisivo em qualquer tentativa para ocasionar mudanças pessoais e sociais na direção de uma consciência maior. O objetivo da esperança é um compromisso com a vida afetiva e amorosa. Conheço casais que dizem se amarem e quando se desentendem logo pensam em outro. Mal sabem que estão matando a esperança de viver plenamente um amor de boa qualidade. No fundo estão se destruindo. Infelizmente ainda existem mulheres e homens que pensam que quanto mais usa o seu corpo, mais livre se tornam. O ideal dessas pessoas é ser desejadas como um bom produto. Isso não leva a lugar nenhum a não ser, a uma profunda frustração, porque depois de saciado esse desejo só lhes resta o tédio, uma vida de miséria.

Todavia, ser aberto para o amor, acreditar no amor, ter esperança e procurar viver no amor, é necessário reunir todas as suas forças e todo o seu potencial adormecido até então. Essa é uma situação raramente experimentada pelas pessoas na vida real. Quando o amor aparece não sabem muito bem como lidar por medo de sofrer. No entanto, foi por medo que crucificaram Jesus, foi por medo que deram um tiro em Gandhi, foi por medo que decapitaram o filósofo inglês Thomas Morus e foi por medo que envenenaram o filósofo grego Sócrates. Enfim, a sociedade tem pouco espaço para a honestidade, para a ternura e, principalmente, para a bondade. Medo de que seus membros descubram a importância do amor para suas vidas.

Tanto o homem como a mulher se tiver uma relação de boa qualidade, não precisa mais do desejo um do outro. Ninguém deseja o que possui. A mulher ou o homem deixa de ser objeto do desejo mútuo para ser objeto de excitação um do outro, portanto, para se concretizar a excitação haverá as trocas gostosas de carícias, o estabelecimento da intimidade e o esquentar das relações que são estreitadas a partir da aceitação das carícias e da mútua reciprocidade. Nesta relação de reciprocidade se vai o medo e reforça as esperanças que ambos cultivam.

Há um sentimento de apatia corroendo o coração da humanidade, como muito bem assinalou o sociólogo e pesquisador polonês Zygmunt Bauman (1925), no seu texto Pós Modernidade, fazendo uma radiografia das relações humanas, onde cada vez mais está em moda o amor líquido. O sexo casual como muitas pessoas apreciam, também faz parte dessa visão aristocrática, sempre é importante entender que ele privilegia umas poucas minorias e desfavorece a grande maioria. Por exemplo, aquelas pessoas mais sinceras, aquela mais fiel, as que falam a verdade, as que não gostam de fofocas, as que não frequentam vida noturna e as que não atendem as exigências do mercado de consumo do corpo sarado, bonitinha e sexy. Quem não reúne esses pré-requisitos, sempre são marginalizadas.

Portanto, o amor que dedicamos a alguém, mesmo que não seja correspondido, é para nós um benefício, mesmo sem ser amado, viver esse amor é uma grande felicidade. O amor é como uma planta florida que perfuma tudo com a sua esperança, até as ruínas e turbulências eventuais que nos abate. Vejo o amor como um ninho, onde a felicidade de duas pessoas, atraídas por esse sentimento constrói-se pedacinho por pedacinho, através de esforços mútuos e de muita compreensão um pelo outro. Contudo, a boa relação é quando alguém aceita o seu passado, apoia o seu presente e motiva o seu futuro. Para isso é preciso que o amor seja tão íntimo que se torne eterno, para que perdure, é necessário penetrar na essência um do outro

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