15 de junho de 2014

DO TOQUE AO ÊXTASE CÓSMICO

Todos nós gostamos de abraçar e tocar nosso próximo, mas tocar com amor é uma raridade na sociedade contemporânea. Abraçar ou tocar o outro com mais amor é uma experiência de contato profundamente humano e extremamente enriquecedor que une os amantes e fortalece a relação, porque nos da chance de partilhar experiências inefáveis. E o sexo é uma das formas mais completas de toque. Segundo alguns pesquisadores, o tato é a linguagem específica do sexo.

Entretanto, tocar significa estimular certos receptores sensoriais da pele, propiciando as excitações adequadas ao orgasmo durante o intercurso sexual para homens e mulheres. Nas mulheres, por exemplo, os pelos pubianos, quando estimulados em sua base, servem para produzir certas alterações quimiocondutoras nas terminações nervosas, que inervam diretamente a pele, que induzem a uma intensificação da excitação sexual. Além de proteger o órgão genital feminino. Por outro lado, algumas mulheres buscam freneticamente no contato físico, compensação para as suas inseguranças emocionais. Esse tipo de comportamento pode enfraquecer as relações afetivas.

Para os orientais, o amor entre duas pessoas realizado através do ato sexual é uma expressão da existência de elevada qualidade, a mais completa forma de toque, que permite ao ser humano a vivência do êxtase cósmico e com ele a percepção da sua transcendência. Por isso dedicam-se a praticar gesto e movimento com a finalidade de tornar o ato sexual mais demorado. No Kama Sutra, livro sagrado dos brâmanes da Índia, publicado cinco mil anos antes Cristo, já se manifestava a preocupação de favorecer o prazer, indicando sessenta e quatro posturas favorecedoras da sexualidade com maior integração entre homem e mulher. Uma forma de prolongar o prazer sexual.

Segundo o autor do Kama Sutra, o filósofo indiano Vatzyayana, que viveu entre os séculos IV e VI antes de Cristo, compilou inúmeras sugestões a fim de que os seres humanos de seu tempo tirassem o melhor proveito das experiências sexuais através de um estado de relaxamento e gozo intenso. Tendo em vista, que o sexo não é apenas um em si mesmo, é uma energia vibrante e poderosa que nos leva ao estado de transcendência e sabedoria. É o viver um no outro. Isso reforça o velho conhecimento tântrico, prática chinesa milenar, bem como outros conhecimentos orientais, ampliando o estado de felicidade e serenidade que experimentam os amantes.  

São raríssimos os casais em que o sentimento extasiante se revela, numa atração que acontece, como entre dois polos de um imã. É evidente a necessidade de unificação, fusão. Por isso que ambos querem ficar juntos, unidos durante horas seguidas. Buscam cumprir a lei de afinidade na qual o amor tem como objetivo interligar os seres amados em todos os níveis: desde corporal, mental e espiritual. A partir daí, a transcendência, isto é, a consciência entre os amantes pode ser vivenciada intensamente.

Portanto, é uma explosão de galáxias. O êxtase cósmico. É o big-bang dos apaixonados. Eu diria: a inundação da autoconsciência. Há um alumbramento. Os amantes tornam-se iluminados. Ficam mais belos. Por isso é impossível esconder o estado amoroso quando ele acontece. Durante os relacionamentos orgásticos, as energias positivas emanadas da dupla amorosa evadem-se e beneficiam o ambiente, deixando um clima de alegria e bem estar. Não há espaço para insegurança. Contudo, experiência como essa ainda é incomum em nossa civilização. É bom que se diga que não tem nada a ver com promiscuidade ou sexo como descarga de tensão ou sofisticação. Toda a nossa vida é uma busca de amor; entretanto, poucos estão preparados para a entrega e doação que esse ato exige. Amor de verdade não se encontra fácil por aí todos os dias. Para descobrir amor demanda sensibilidade. O amor deixa a pessoa mais plena, leve e conciliada com a vida e com a Divindade Cósmica.

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