2 de janeiro de 2013

ENTRE O CÉU E A TERRA

Aproximadamente há dois mil e treze anos atrás apareceu um Homem, entre milhões de habitantes terrestres. E por ventura esse Homem veio tornar-se o centro da história da humanidade. Não fez descobertas nem invenções, não derrotou exércitos nem escreveu livros, esse Homem singular. Não fez nada daquilo que a outros homens garante imortalidade entre os mortais. O que nele havia de maior era Ele mesmo.

Pelo ano do seu nascimento datam todos os povos cultos a sua cronologia. Possuía esse Homem exímios dotes de inteligência e infinita delicadeza de coração. A sua vida se resume numa epopéia de divino poder e num poema de humano amor.

Havia na vida desse Homem uma pátria e uma família, mas também um exílio e uma solidão. Havia inocentes com o sorriso nos lábios e doentes com as lágrimas nos olhos. Havia apóstolos e apóstatas. Brincava nos caminhos desse Homem a mais bela das primaveras e espreitava-lhe os passos a mais negra das mortes.

Esse Homem vivia no mundo, mas não era do mundo. Quando chegou, não havia lugar para Ele na estalagem e quando partiu, só havia lugar numa cruz, entre o céu e a terra. Esse Homem não mendigava amor, mas todas as almas boas o amavam.

Era amigo do silêncio e da solidão, mas não conseguia fugir ao tumulto da sociedade, porque todos o procuravam. Irresistível era o fascínio da sua personalidade, inaudita a potência das suas palavras. Todos sentiam o envolvente mistério da sua presença, mas ninguém sabia definir esse estranho magnetismo.

Não bajulava a nenhum poderoso e não espezinhava nenhum miserável. Diáfano como um cristal era o seu caráter e, no entanto, é Ele o maior mistério de todos os séculos. Poeta algum conseguiu acompanhar a sua imensa sabedoria e sensibilidade. Filósofo algum chegou perto de tamanho conhecimento e grandeza espiritual.

Esse Homem não repudiava Madalenas nem apedrejava adúlteras, mas lançava às penitentes palavras de perdão e de vida. Não abandonava ovelhas desgarradas nem filhos pródigos, mas cingia nos braços a estes e levava aos ombros aquelas. Esse Homem não discutia, falava simplesmente. Não esmiuçava palavras nem contava sílabas e letras, como os rabis do seu tempo, mas rasgava imensas perspectivas de verdade e beatitude. Por isso diziam os homens, felizes e estupefatos: “Nunca ninguém falou como esse Homem fala!”

Portanto, para esse Homem não era no caixão o ponto final da existência, mas no berço para a vida verdadeira. Todavia, vivemos por Ele e para Ele os melhores dentre os filhos dos homens, porque adoram nesse Homem o homem ideal, o Homem DEUS. Esta reflexão, só vem a confirmar um sentimento que tenho: “quem somos nós para julgar?” E parece que esse é um dos grandes ensinamentos desse Homem chamado Jesus Cristo. A vida é sofrimento, diz o budismo. Contudo, ao julgar o meu próximo, estarei negando a sua dor e esterilizando o meu amor.           

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