14 de janeiro de 2013

O TRABALHO DO FILÓSOFO

O papel social do filósofo é por pensamento no mundo, isto é, colocar as pessoas para pensarem, estimular o senso crítico, despertando-os para o mundo do saber. Diariamente precisamos tomar decisões rápidas, sem perder muito tempo com reflexões e questionamentos. Todavia, quando alguma coisa não da certo em nossa vida, nós e a sociedade como um todo entramos em crise. É nesse momento que necessitamos de uma reflexão mais apurada dos fatos.

Entretanto, o filósofo faz interpretações e construções calcadas no saber filosófico, mas, principalmente, usa de sua sensibilidade, criatividade e, sobretudo sua intuição, o mesmo que comparado a uma manifestação artística. Ele, assim como o artista, vive emoções multicoloridas quando realiza seu trabalho. O artista, bem como o filósofo, cria. Criar é tirar algo do nada, mas esse nada é algo que não é perceptível num olhar superficial, requer um olhar profundo, um olhar crítico e apurado.

O filósofo vai desbravando arduamente, como um arqueólogo, esse universo simbólico da nossa inteligência, trabalhando profundamente e descobre que nesse universo não há somente escuridão, monstros, demônios, perseguidores ou bruxos. Há, sobretudo, claridade, anjos, um tesouro rico em qualidades, bondades e capacidade de conhecer. Há obras de arte preciosas adormecidas que podem ser acordadas.

O objetivo do filósofo é ajudar os seus discípulos a conceberem suas próprias ideias. Essa pratica ficou conhecida como maiêutica, termo grego usado pelo filósofo ateniense Sócrates (469-399 a.C.) que significa a arte de trazer a luz, em homenagem a sua mãe que era parteira. Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber. Usava a ironia, palavra grega que quer dizer interrogação. Na linguagem cotidiana, a ironia tem um significado depreciativo, sarcástico ou de zombaria.     

O filósofo capta o sofrimento dos seres humanos com seu coração paterno, amoroso, acolhedor e paciencioso. Ele vai caminhando lado a lado com os seus discípulos por dentro desse universo simbólico, viajando pelas paisagens multicoloridas, sem memórias e sem pressa. Semeando o saber com provas. Conheça-te a ti mesmo, é o ponto de partida e o principal fundamento da filosofia de Sócrates. 

O filósofo, permitindo-se tocar pelo seu sentimento, comunica aos seus discípulos sua compreensão desta relação, com a proposta de facilitar mudanças de pensamentos diante do mundo em que vivemos. O que o filósofo põe em palavras, faz eco para muitos e o assegura de que seus discípulos estão em sintonia emocional e racional com ele.

No seu trabalho o filósofo estuda o significado mais profundo da existência humana. Contribui para a discussão e interpretação dos principais problemas da realidade histórica de uma sociedade. É abrindo esse espaço de reflexão que leva o filósofo a ser um artista em seu trabalho, assim como o pintor quando pinta, o escultor quando esculpe e o músico quando compõe.

O filósofo, interagindo com seus discípulos permite que a razão entre nesse universo simbólico e se espalhe como tintas que vão deslizando e colorindo seu espaço interior. Juntos, filósofo e discípulos vão lapidando o diamante bruto que já existe dentro de cada um de nós, talvez, até então, despercebido. A cada encontro com os seus discípulos é um novo encontro artístico, onde produzem obras de arte belíssimas.

À medida que esses encontros vão evoluindo, principalmente com a supervisão e orientação do filósofo, cada vez mais, vai abrindo espaço para que se torne criativo, verdadeiro e amoroso o seu trabalho. Provocando mais discernimento na percepção e, principalmente, o autoconhecimento, que é fundamental para o senso crítico e, sobretudo, criar um terceiro olho, para um olhar analítico e racional.

Portanto, ambos, artista e filósofo, desenvolvem um trabalho artesanal, em que, por meio de um mergulho profundo para dentro de si, resgatam as suas próprias riquezas internas, e as oferece, por sua vez, o artista, aos seus expectadores, e o outro, neste caso o filósofo, aos seus discípulos. É discutindo a vida, que compartilhamos com a arte de pensar diferente. Como diz o filósofo e educador Eduardo Prado de Mendonça (1924-1978): “Os homens que julgam não afastar-se da vida, estes, por não se ocuparem da filosofia, estes sim podem estar afastados da realidade, pois deixam, por deficiência de concepção, de viver como poderiam e deveriam viver”.               

2 comentários:

  1. A filosofia é dar um sentido para o nada. Sendo que o nada é alguma coisa. Realmente o ponto de partida é o conheça-te a ti mesmo. E passando por só seu que nada sei. E depois de muito estudos chegamos a um ponto de chegada que é o conheça-te a ti mesmo. E o interessante que não é um circulo vicioso é sim um circulo virtuoso pois é libertador, ético e crescente.

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  2. Anônimo18:07

    Muito bom parça, parabéns, me ajudou muito

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