3 de junho de 2011

A SEXUALIDADE DA CRIANÇA

Para tratar desse assunto recorri ao filósofo e educador Cesar Nunes que traz um texto maravilhoso no seu livro: “A Educação Sexual da Criança”. Nesse tratado, ele apresenta as manifestações da sexualidade da criança de uma maneira humanista, reflexiva e crítica. Há, também, a relação da importância de falar e  de se refletir sobre um assunto que é muito pouco falado nas escolas, mesmo nas escolas particulares,já que parece que vivemos a nossa educação sexual como se fôssemos todos assexuados. Quando esse assunto aparece, vem sempre carregado de preconceito ou, na pior das hipóteses, em forma de violência velada. Estamos sendo desafiados a entrar num campo minado onde impera a incompreensão e a improvisação do senso comum. Falamos da infância como o maior evento da nossa vida, mas com um total descaso no tocante aos estudos sobre a sexualidade infantil.
“Informar formando” constitui a maneira mais eficiente de educação sexual e certamente provocará comportamentos pessoais seguros e decisões conscientes para a criança no futuro. Educar sexualmente significa orientar a criança para que passe pelas fases de evolução de sua sexualidade de forma que sua vida afetiva se estruture de modo sadio.
Hoje, mais do que nunca, necessita-se ajudar a criança e o jovem a encontrarem uma forma de satisfazer seus impulsos e superarem as tensões do ambiente. A informação gradual e adequada os ajudará a vencer essa ansiedade natural provocada pelo próprio desenvolvimento.
Uma educação sexual adequada oferece condições para que a criança e o jovem assumam seu corpo e sua sexualidade com atitudes positivas, sem medo ou culpa, preconceito, vergonha, bloqueios e tabus. Favorece o crescimento exterior e o interior, e pede-se para  que haja respeito pela sexualidade do outro, responsabilidade pelos próprios atos e direito a sentir prazer, emocionar-se, rir ou chorar, sobretudo, procurar viver de forma sadia. Como educadores temos o dever e a obrigação de criarmos possibilidades para as crianças desenvolverem-se com confiança, sabendo transformar valores e assim poderem participar de seu ambiente social.
As pessoas estão sempre se analisando e se avaliando, percebendo e escolhendo uma forma harmoniosa de viver, estão sempre decidindo a sua conduta e buscando prazer e, também, uma forma responsável de amar. Todos estão sujeitos ao processo de educação sexual, em qualquer faixa etária e em qualquer lugar, consciente ou inconscientemente. Entretanto, vivemos em um mundo erotizado e temos que continuadamente elaborar o que vemos ou ouvimos, principalmente, quando somos invadidos pelos meios de comunicação que escancaram o sexo mesmo sem se preocuparem se nossas crianças estão ou não preparadas para assimilar tal conteúdo.
Desde que nascemos, começamos a receber educação sexual, seja pelo nome que nos dão, seja pelo modo com que nos tratam, nos vestem e nos presenteiam. No decorrer do crescimento, vamos percebendo esses códigos e passamos a assimilá-los de forma indireta, como informação não verbal. Já a educação sexual se dá por meio de informação verbal, que aparece em palavras, seja por parte da criança ou por parte dos pais, educadores ou outros. A criança verbaliza sua pergunta, geralmente depois de muito observar, por não ter conseguido concluir sozinha ou para conferir suas conclusões pessoais. Muitas vezes perguntará uma coisa para tentar descobrir outra.
Portanto, as crianças são os melhores psicólogos. Estão sempre atentas aos movimentos e gestos que os adultos mostram e não percebem que estão mostrando. Ela fica muito mais com o que vê, e muito pouco com o que os adultos dizem. Se quisermos um mundo menos violento e mais feliz, temos que rediscutir o erotismo infantil e a permissão sexual para os adolescentes. Os estudos nos indicam que as comunidades que mostram maior interesse em sexo e prazer são aquelas que menos têm predisposições para a violência. Contudo, o erotismo infantil é um convite para se aprender e reaprender com a criança a inocência e o prazer do contato amoroso, do que é “gostoso” sentido e vivido como se fosse um encontro com o DIVINO. A criança que habita em cada um de nós é a nossa maior “Referencia Afetiva”.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS COISAS SÃO OS NOMES QUE LHE DAMOS

O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofri...