27 de maio de 2011

A ARTE DE EXPRESSAR COM O CORAÇÃO

Parece que as pessoas e os parceiros afetivos, tanto homens como mulheres, estão se esquecendo de que as relações humanas precisam ser nutridas e adubadas todos os dias para se manterem vivas, essa não parece ser uma tarefa impossível, pois há de se praticar os exercícios naturais de constantes carícias como o abraço, palavras carinhosas de incentivo e aceitação do outro.
A carícia significa toda a manifestação humana física, verbal ou gestual que transmita a outra pessoa uma sensação de bem estar, aceitação e reconhecimento. Uma manifestação que demonstre o quanto ela é importante para você. Melhor do que falar sobre carícias é recebê-las ou praticá-las.
Os estudos vêm demonstrando que a falta ou a insuficiência de carícias tem enorme influência no bem estar, até mesmo na saúde física e mental das pessoas. Fenômeno esse que começa nos primeiros anos de vida. Especialistas são unânimes em afirmar que a criança precisa tanto de estímulos físicos quanto de alimentos. Sem os toques e carícias, ela provavelmente acabará sofrendo de alguma debilidade mental e poderá até morrer por sentir-se rejeitada, caso seja privada dessas relações físicas.  
Segundo o filósofo e psiquiatra canadense Eric Berne, criador da “Análise Transacional”, ele acredita que exista na nossa estrutura corporal uma cadeia biológica que leva da privação emocional e sensorial a mudanças degenerativas e até a morte por causa da apatia. Neste sentido, as fomes de contato físico, de abraços e de aconchego têm a mesma relação com a sobrevivência de um organismo humano quanto à fome de alimento
Algum tempo atrás, li um livro muito interessante, chamado “TOCAR”, escrito pelo antropólogo e humanista inglês Ashley Montagu. É um livro com mais de quatrocentas páginas mostrando os fantásticos valores psicológicos, salutíferos, sociais e afetivos do contato físico. Ele pouco fala de sexo. Fala de envolvência, carinho e contato como ações que estimulam a idade vital. O melhor estímulo conhecido para a defesa do sistema imunológico são as trocas de carícias bem feitas e bem recebidas. Para o pesquisador, o melhor remédio para aliviar o stress são as carícias bem feitas e bem recebidas. Tendo em vista, a dificuldade que as pessoas têm em promover o contato físico, se alguém o abraça é porque vai querer transar. Bater pode, xingar pode, abraçar e tocar são sinais de  perigoso contato porque mexem com a libido, portanto, tais ações não podem e não devem ser trocadas entre as pessoas. Assim como a carícia bem feita, o diálogo de boa qualidade também está escasso. A maioria dos nossos gestos de carinho são estereotipados, tornam-se gestos vazios por isso os fazemos automaticamente, meio “robotizados”, sem nenhuma conexão com o outro. É como se eu não estivesse presente.
Esse livro deveria ser lido por todos os educadores do mundo todo, porque o nosso trabalho na educação é gelado, frio, somos indiferentes, mantemos uma relação de blindagem com os alunos. Temos a coragem de chamar essa linha de ensino e aprendizagem de educação, assim como chamamos a restrição da espontaneidade do aluno de “educação”. E se o educador, com uma bagagem maior de conhecimento, resolve dar uma aula sobre amor e sexualidade, a escola vem abaixo e a direção surta. Isto se não der Processo Administrativo Disciplinar, no mínimo dá cadeia ou exorcismo, na certa o professor é irresponsável ou pedófilo.
 Entretanto ficou demonstrado nas experiências científicas que se acariciar um cachorro durante um tempo, ele vai apresentar resultados bem diferentes quando comparados aos cachorros que não foram acariciados. O livro tem pilhas de pesquisas com animais para provar o quanto eles reagem à atenção, ao cuidado e ao carinho. Se entre ratinhos, que foram bem cuidados e manuseados, vária vezes ao dia e os ratinhos que não tiveram nenhum contato físico e que só foram alimentados pelo experimentador, esse último grupo certamente vai apresentar uma deficiência imunológica gigantesca. Ao retirar a tireoide e a paratireoide dos ratinhos dos dois grupos observados, os que não foram acariciados morrem em dois dias e os que foram acariciados duram em média um mês. Essa diferença é muito significativa.
Por tudo isso  é que acredito que é importante que os amantes aprendam a mostrar o coração através das carícias. Não deixar ficar apenas na intenção e naquela vontade de abraçar, acariciar, de beijar ou dizer ao outro que está encantado e que é muito bom estar junto, quando isto for verdadeiro, do coração, faz-se necessário que haja a fala informando o parceiro sobre sua intenção. Nunca se acanhe de pedir um abraço ou um carinho, quanto sentir falta. Assim é nas relações, como na vida em geral, muitas coisas se perdem por não expressar ou pedir naquele momento em que há o envolvimento de um pelo outro.
Portanto sempre que possível realçar verbalmente as qualidades do outro, pois esse é um comportamento lícito para que se concretizem as diversas manifestações de carícias. Tendo em vista que somos um projeto de humanidade e isto implica que todo o ser humano é imperfeito por natureza, não somos melhores e nem piores que o outro. Aprender a curtir o que outro tem bom, antes de perder energia em lamentar ou criticar o que precisa mudar. Criar e recriar sempre e continuadamente novas sensações, novas emoções, novas manifestações de carícias através de uma expressão simples de afeto, ternura e sedução, a principal matéria prima da carícia.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...