1 de maio de 2011

SEXO E AMOR NÃO ANDAM JUNTOS

Sexo e amor são um desses equívocos milenares que vem nos acompanhando ao longo da nossa história e cultura. Desde sempre, as pessoas pensam no sexo e no amor como parte do mesmo impulso. Quando, na verdade, eles são completamente diferentes. Sexo é um fenômeno físico e o amor é um fenômeno espiritual. O físico, eu alimento e o espiritual, eu cultivo.

Às vezes, por acaso, sexo e amor andam juntos e com muita dificuldade. Porque o amor é um fenômeno que tem a ver com a experiência do nascimento. O bebê que estava aconchegado no útero da mãe, ao nascer, experimenta uma sensação enorme de desamparo, de incompletude. Essa sensação horrível de vazio e incompletude vai nos acompanhar ao longo de toda a vida. Sensação essa de desamparo que, efetivamente, pede, do ponto de vista da criança, um aconchego, isto é, uma aproximação física no colo da mãe.

Por isso o primeiro objeto de amor é a nossa mãe, e é através dela que a gente se sente seguro, em paz e em harmonia, para isso basta estar perto dela. O nosso remédio paliativo, nos momentos desagradáveis e de desamparo, que nos acompanha desde o nascimento. Contudo, o amor é um fenômeno interpessoal por excelência, porque, na verdade, depende da existência de um objeto externo. Por ser interpessoal, desqualifica qualquer ideia de amor por si mesmo. Preciso do outro para a realização plena desse amor. Para Schopenhauer, o amor é um prazer negativo, porque traz um desconforto que é amenizado pelo aconchego, isto é, um prazer que deriva do fim de uma dor e, por ser interpessoal, só o outro pode aliviar essa dor.

O sexo aparece no fim do primeiro ano de vida. É quando a criança começa a se reconhecer como independente da mãe. É a fase exploratória, em que ela começa a se pesquisar e a descobrir o seu próprio corpo e experimenta sensações agradáveis em determinadas áreas do corpo, como a de inquietação e excitação consigo mesma, que não depende de nenhum objeto externo. Todavia, o sexo aparece como fenômeno pessoal, de excitação e não de paz, que é prazer positivo porque não depende de um desconforto prévio para existir. Por conseguinte, não tem absolutamente nada a ver com o amor. É incrível que de vez em quando consigam coabitar as duas coisas.

Os princípios da sexualidade, na nossa cultura e para biologia, sob muitos aspectos, têm muito mais de agressividade, do que de amor. Na selva primitiva, os machos para copular ou até chegar às fêmeas e obter a aceitação das mesmas, valiam-se, presumivelmente, da sua força física.

Segundo os estudiosos, o número de mulheres era menor em relação ao número de homens que, aparentemente, deveria ser uma vantagem para as mulheres. Seria, na certa, uma desvantagem, pois uma única mulher copulava com vários homens. Além das mulheres viverem menos que os homens, por causa dos muitos filhos e, também, porque precisavam cuidar sozinhas desses filhos os quais, frequentemente, morriam na sua maioria no parto, dadas as condições precárias. Por outro lado, não tinham quem as ajudassem a prover esses filhos, porque a paternidade ainda não existia. A paternidade é uma aquisição que, provavelmente, vem junto com a idade da pedra, quando os homens ficavam fascinados por uma determinada mulher e a pegava pelos cabelos e a levava para sua toca. Esse é o primeiro momento em que as mulheres começam a ganhar o seu espaço. Ela passa a ser escrava só daquele homem que, supostamente, vai protegê-la de outros homens.

Entretanto, é um susto para os homens saber que o desejo visual é uma propriedade masculina e que não é presente com tanto vigor nas mulheres. Sobretudo porque os homens gostariam que as mulheres tivessem também desejo visual e os atacassem. Hoje as mulheres até chegam com mais frequência nos homens, não porque elas têm desejo visual, mas porque a maioria deles não se propõe e estão desinteressados e folgados demais, e se a mulher não fizer isso, ela acaba ficando sozinha.

Há uma tendência na vida real das pessoas, tanto dos homens como das mulheres, no campo da sexualidade, de copiarem os padrões da indústria pornográfica que é uma das coisas mais tristes que vem acontecendo na contemporaneidade. Atualmente, parece que quem dita às normas da conduta sexual é a indústria pornográfica, que não é o elemento mais ideal para ensinar sobre comportamento sexual. Aumentando a preocupação dos homens sobre o tamanho do pênis, porque afinal a indústria pornográfica sugere que quanto maior, melhor. Fato esse que também não é verdade. As mulheres preocupadas em ter orgasmos múltiplos e, com isso, fingem orgasmo como nunca tiveram antes. Tudo isso introduzido e criado pela indústria pornográfica. Infelizmente, isso traz um colorido fortemente acentuado de agressividade. Qualquer criança que viesse a olhar um casal copulando, iria achar isso muito mais parecido com uma luta do que com uma troca de carícias entre casais.

Portanto, o amor existe enquanto serve para o desenvolvimento das pessoas, para que haja entre elas uma troca de qualidades e para que as duas saiam enriquecidas da ligação amorosa. O bom amor, quando existe, ele transforma as pessoas. Se me envolvo com alguém, e se conseguimos cultivar nossos sentimentos, nós nos desenvolvemos como seres humanos. Quanto ao sexo, não precisa do amor para praticá-lo. Praticar sexo é uma escolha e obter prazer é uma possibilidade.           

3 comentários:

  1. Arrasou como sempre!
    Sua sempre amiga... Cléo

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  2. De fato, o amor é algo muito mais abrangente que, em suas amplas asas, pode envolver muitas formas de expressão. Uma delas pode ser também o sexo, pois há muitas maneiras de o ser amado se relacionar sexualmente. Pode haver também o inverso, o amor sem expressão, o amor contido mas que não deixa de ser amor pela simples condição do limite do ser em escancará-lo. E há ainda o amor que satisfaz o próprio ego de quem pensa que ama. No meu entender, o ser humanano reina o amor enquanto evolue, até sublimá-lo.

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  3. É, meu amigo....compreender tudo isso não é privilégio pra qualquer um. Agradecida por suas palavras que nos ajudam a ter melhor entendimento das relações humanas.....bjsssssss

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