16 de maio de 2011

O QUE É A FOFOCA?

A fofoca é um assunto que damos pouca ou nenhuma importância. Ninguém leva a sério, por achar esse assunto banal. Imagina se alguém resolvesse fazer uma tese científica sobre a fofoca, na certa seria ridicularizado na universidade, porque fofoca é uma bobagem, imagina se isso pode merecer um estudo científico. Entretanto, pode e deve ser levado mais a sério, pela importância que esse assunto tem e pelo estrago que pode causar na vida social de uma pessoa. A fofoca para quem não sabe, governa o mundo.
Em todo centro de poder no mundo a começar pelas corporações políticas mundiais, são governadas por fofocas. Sempre um querendo saber o que o outro está pensando ou fazendo. É bom saber que quem menos decide num país é o Presidente da República. Porque está cercado de monstros e quando se propõe a fazer algo pelo povo, alguns desses monstros dão uma rosnada, e o Presidente recua, para não entrar em choque com determinados setores da sociedade. Tudo isso se dá assim por que há interesses das classes dominantes em jogo.
Em cada decisão política tomada, sempre há alguém dizendo que esta medida pode não ser boa para economia. E o Presidente fica amarrado, sem poder agir, por conta da fofoca. Onde fica evidente a fofoca? Nas bolsas de valores, pois quantas delas subiram e desceram por conta da fofoca? Outro exemplo claro de fofoca é o local onde você trabalha ou onde mora. As pessoas sabem mais de você do que você mesmo.
Se somarmos as fofocas sobre sexo – quem deitou com quem e quem foi enganado – com as de família, alcançamos metade da fofoca mundial. Muitos sentimentos pessoais ruins se demonstram nas fofocas sobre a vida privada das pessoas. Gente boa falando de gente ruim.
A fofoca, ao se tornar pública, pelo fato de ser transmitida e até modificada pelos meios de comunicação ou em repartições públicas, pode ter a justificativa de que as pessoas que falaram ainda têm a coragem de dizer que aquilo não é fofoca, e sim, a opinião pública de quem está se posicionando. Qual a origem dessa fofoca? A fonte é respeitável? Os jornais, revistas e a opinião pública relatam o que todos desejam ouvir ou temem e ninguém tem a coragem de se declarar. Na verdade, todos vigiam a todos, para que ninguém faça o que todos gostariam de fazer. E, com isso, vai se formando uma rede dos que não estão certos, que é igualzinha a dos que estão certos. O problema é que cada um acha o “seu” certo, portanto o “outro” está errado. Se nem eu e nem minha família temos nada de errado, então o mal tem que estar sempre no outro. E nessa trama enrolada, já assisti muitos casamentos se desfazerem, como também, muitas pessoas perderem o emprego e até pagarem por um crime que não cometeram, por conta dessa maldita fofoca que é um poderoso fator antirrevolucionário.
Uma sociedade de classes não é nem mais e nem menos inteligente do que uma inteligência conceitual, que é ótima para classificar e péssima para compreender, explicar, aceitar pessoas inteiras, com todas as suas características. Quando peco contra minha classe social, de algum modo, saio dela. Isto é, ao fazer diferente do que os outros esperam, nego minha uniformidade, nego ser igual a todos os outros. Saio daquele padrão e viro um desclassificado. Nesse momento, não sinto somente que saí da minha classe. Sinto também que tenho toda a minha classe contra mim. Ao me fazer diferente, oponho-me contra a lei e a lei me persegue. Qual a lei da fofoca? A lei do preconceito, dos costumes, de ser e fazer diferente dos outros. Pode-se afirmar que, de certo modo, a fofoca controla a sociedade mais do que a polícia. Antigamente fofoca era maledicência, isto é, falar mal de alguém. Hoje fofoca é qualquer comentário sobre pessoas. Por isso ela tornou-se muito perigosa, pois pode acabar com a carreira e com a vida de um cidadão de bem. Você, do dia para noite, vira inimigo e vilão dentro desse sistema. Quem faz a fofoca está sempre certo, errado é o “outro”.
Para finalizar, vou recorrer ao filósofo grego Sócrates no caso a seguir. Um dia um conhecido se encontrou com o grande filósofo, e lhe disse: - Sabe o que escutei sobre teu amigo? – Espere um minuto, replicou Sócrates: - Antes que me digas qualquer coisa, quero que passes por um pequeno exame. Eu o chamo de exame do TRIPLO FILTRO. – Triplo filtro? Perguntou o outro. – Correto, continuou Sócrates. Antes que me fales sobre meu amigo, pode ser uma boa idéia filtrar três vezes o que vais dizer. O primeiro filtro é a VERDADE. Está absolutamente seguro de que o que vais dizer é certo? – Não, disse o homem, realmente só escutei sobre isso... – Bem, disse Sócrates, então realmente não sabes se é certo ou não. – Agora me permitas aplicar o segundo filtro, que é o da BONDADE. – É algo bom o que vais dizer de meu amigo? – Não, pelo contrário... – Então, desejas dizer algo ruim dele, porém não está seguro de que seja certo. Mesmo que agora eu quisesse escutá-lo, ainda não poderia, pois falta um filtro, o da UTILIDADE. – Me servirá de algo, saber o que você vai me dizer do meu amigo? – Não, na verdade, não. – Bem, concluiu Sócrates. Se o que desejas dizer não é certo, nem bom e tão pouco me serás útil, por que eu iria querer saber?
Portanto, a amizade é algo inviolável. Nunca perca uma amizade por alguma fofoca ou comentário maledicente e sem fundamento. A vida é muito curta para vivermos segundo a opinião dos outros e viver o que os outros acham ou querem.    

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