11 de junho de 2011

A PROCURA DO PAR ROMÂNTICO

Quase todas as pessoas na nossa cultura estão aprisionadas pelo mito do grande amor, do amor romântico e pela ideia de que só é possível haver felicidade se existir esse grande amor. Principalmente as mulheres que mesmo tendo vários interesses na vida e parecendo felizes, quando estão sozinhas, sempre se perguntam se essa felicidade é real. É uma busca desesperada por esse tal amor e sua ausência abala profundamente a auto estima da mulher e faz com que se sinta desvalorizada. Nessa busca incessante do grande amor, a mulher na nossa cultura, quando encontra um indivíduo interessante, para formar com ela o par romântico, torna-se a “Bela Adormecida” ao avesso. Quando beijada pelo suposto príncipe, não é despertada, ao contrário, adormece para a realidade e pior de tudo se esforça para ficar adormecida. Esse homem não é percebido com clareza, mas através de uma névoa que distorce o real.
Usa-se, com certa frequência,uma couraça muscular, que torna as pessoas indiferentes a tudo que veem e sentem. É preciso derrubar essa máscara e romper com os preconceitos. Na verdade, o que elas estão mostrando não é o que estão sentindo. Fala-se de um jeito e se mostra de outro. Contudo, cria-se uma lacuna impedindo de viver experiências amorosas e excitantes fundamentais para a fusão entre duas pessoas.
Quando se está encantado por alguém, a melhor coisa do mundo é estar junto dessa pessoa o maior tempo possível. Não só porque é muito bom, mas porque nesse período estão ocorrendo trocas vitais, extremamente importantes entre as duas pessoas, que são sentidas e experimentadas  no momento da excitação. Por isso quando a gente encontra uma pessoa que impressiona bastante, é muito importante ficar perto dessa pessoa e aproveitar esse aconchego tão desejado, já que essa minha nova referência afetiva parece torna-se o meu “Guru”. É com esse par romântico que vou aprender e sentir prazeres diferentes no meu corpo ou trocar carícias importantes e fundamentais, que são necessárias para a sobrevivência humana. Esse estado gostoso do encanto pelo outro está relacionado com a sensação de que sou incompleto, de que sou uma fração e não uma unidade. Por certo, se nos sentíssemos inteiros não teríamos o desejo de fusão que caracteriza o sonho romântico. O encantamento envolve aquela dada pessoa porque nos parece que ela pode corresponder ao pedaço que nos falta. É importante considerar mais uma condição íntima que predispõe esse surgimento. Sempre que nos sentimos desequilibrados, tenderemos a nos tornar mais susceptíveis para esse envolvimento, que passa ser a minha única referência afetiva.
Então, por que essa preocupação com o amor romântico? O suposto amor que todos procuram é para manter o outro sob controle, se possível tê-lo sob eterna proteção? Amor é um sentimento generoso por excelência ou uma manifestação fundamentalmente egoísta, na qual o outro existe para nos dar prazer e aconchego? Afinal, o amor é fonte das maiores alegrias e motor da felicidade? Ou é a causa das maiores dores e sofrimentos que podemos ter que vivenciar? São perguntas que definitivamente não esgotam todos os componentes desse sentimento tão falado e louvado no dia dos namorados, e acima de tudo mal compreendido, apenas mostram a complexidade desse fenômeno chamado amor romântico. Estamos muito mais preocupados em encontrar esse grande amor, do que avançar no entendimento de nossa vida íntima com um simples par romântico.
Quando estamos desacompanhados parece que alguma coisa nos falta. É como se nos sentíssemos incompletos. Mas sempre que encontramos alguém disposto, capaz de por fim ao nosso desamparo, viramos as costas, muitas vezes por medo, dúvidas ou por desconfiança. Criamos um escudo invisível, uma espécie de blindagem. Sempre que alguém se propõe, nos acovardamos, esperando que um dia o grande amor venha ao nosso encontro. Estamos todos mais ou menos envenenados.
Como estamos presos à crença e aos valores morais que norteiam nossas vidas, isso gera muita infelicidade e frustração na vida das pessoas, impedindo-as de experimentar uma relação amorosa autêntica. Quando ocorre o desencanto, isto é, quando percebemos que o outro é um ser humano e não a personificação de nossas fantasias, nos ressentimos e reagimos como se tivesse ocorrido uma desgraça. Geralmente culpamos o outro. O que ninguém pensa é que somos nós que precisamos modificar nossas próprias atitudes.
Portanto, os modelos do passado não correspondem mais aos nossos anseios e nos deparamos frente a uma realidade ameaçadora justamente por não encontrarmos modelos em que possamos nos apoiar. A grande saída para os seres humanos pode estar na abertura de espaços para uma nova forma de viver e poder experimentar novas sensações. A sociedade está pouco atenta aos aspectos relativos à qualidade de vida e à felicidade dos seus membros. Será que as pessoas não percebem que as relações entre elas só estão piorando? Temos medo da solidão, assim, como também temos medo da entrega. Afinal, o que buscamos nas relações afetivas? Parece que passamos a maior parte da vida adulta tentando recuperar algo que perdemos com o nascimento, em vez de irmos atrás da construção de nossa história que nem sequer começou.  É necessário que  possamos agir de acordo com o que somos e pensamos, sem levar em conta o que os outros irão pensar de nós, estaremos agindo de forma livre.
Contudo é muito importante sentir-se livre para encontrar o par romântico que tanto desejamos.            

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