31 de janeiro de 2020

O EPICENTRO DA EDUCAÇÃO É A LEITURA

A leitura é o coração da educação”, essa frase foi dita pelo educador e escritor americano Jim Trelease (1941), que prega a leitura em voz alta para as crianças como uma forma de incutir-lhes o amor pela literatura. Por outro lado, quem não conhece o criador do “Menino Maluquinho”, o escritor, cronista e cartunista Ziraldo Alves Pinto (1932), que afirma: “ler é mais importante que estudar”. Para esses dois ilustres escritores e amantes da literatura infanto-juvenil, a leitura em voz alta representa para a criança uma conversa que a entretém e a tranquiliza ao mesmo tempo em que a informa e explica alguma coisa da educação, assim como desperta nela a curiosidade, o desejo de aprender algo sobre a vida. Aprendemos muito mais lendo do que estudando, porque o estudo demanda concentração e desejo de aprender rápido, para melhor memorizar as palavras. Ao passo que a leitura para muitas pessoas, pelo simples prazer de ler, possibilita o entendimento e a clareza dos fatos, nos colocando no núcleo da realidade vigente. Para Ziraldo, quando se cria o hábito da leitura se ganha em conhecimento e enriquece o nosso vocabulário.

Se for verdade o que escreveu Platão (427-347 a.C.), que tudo que está na alma, toca a alma do outro. Então, como pode um professor que não gosta de ler, passar o gosto da leitura para seus alunos? Como pode um professor que não gosta de escrever, passar o gosto da escrita para seus alunos? Como pode uma geração de professores que não pesquisa, formar alunos pesquisadores? Como pode uma geração de professores que não tem pensamento crítico, formar senso crítico? Como pode um professor que não é sensível, formar sensibilidade? Como dizia Paulo Freire (1921-1997): “Só uma geração de professores leitores, produzem uma geração de alunos leitores. Só uma geração de professores escreventes, produz uma geração de alunos escreventes e no meio deles alguns escritores. E entre esses escritores um ou dois literatos”.

Portanto, ler é pensar com sabedoria. O sujeito consciente tem como pressuposto básico o corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. Como argumenta o filósofo e educador Rubem Alves: “A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver”. Porém, estar atento significa estar disponível ao espanto. Os gregos diziam que quando a gente se espanta, a inteligência faz a pergunta. Sem espanto não há ciência, não há criação artística. O espanto é um momento do processo de pesquisa, de busca. Essa postura de abertura ao espanto é uma exigência fundamental para o professor criar no aluno o hábito da leitura. Para o educador Paulo Freire (1921-1997): “O espanto revela a busca do saber”. Contudo, o ofício de ensinar não é para aventureiros. É para profissionais, homens e mulheres que, além dos conhecimentos na área dos conteúdos específicos e da educação, assumem a construção da liberdade e da cidadania. Porque, ler é estabelecer relações para compreender a realidade e enxergar mais longe.

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