28 de fevereiro de 2019

SCHOPENHAUER E A METAFÍSICA DO AMOR

Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi um filósofo alemão do século XIX, fez parte de um grupo de filósofo considerado pessimista. Ele pode parecer extremista ao falar da “vontade” como a “essência” do mundo, mas é através dela que começamos a entender os diversos fenômenos que nos rodeiam. O filósofo alemão faz metafísica imanente (imanência é um conceito filosófico e metafísico que designa o caráter daquilo que tem em si o próprio princípio e fim). Seu plano de imanência fundado como “vontade” nos permite entender o mundo como “representação”. Um dos grandes exemplos dos mistérios resolvidos por sua filosofia é o amor.
Mas parece que os pensadores, sempre muito sérios e sóbrios, têm vergonha de falar deste sentimento. Talvez eles pensem que o tema do amor esteja reservado unicamente aos poetas. Será que a poesia sabe mais que a filosofia sobre o amor? Schopenhauer pretende resolver este problema do modo mais simples possível: “falando de amor aos olhos da representação e da vontade”. A primeira pergunta a se fazer ao amor é: “por que ele existe”? Afinal, parece que poderíamos passar sem ele, não é mesmo? Segunda pergunta: “já que o amor existe de onde vem tanto furor, tanto barulho, tanto ímpeto, tanta angústia e aflição”?
De modo que a resposta só pode ser revelada aos poucos. Como representação o amor representa a união, ou seja, a estabilidade do casal, a alegria e completude. O amor é um fim em si mesmo, ele é ímpeto porque é busca desenfreada de se unir à pessoa amada! Busca pela minha cara metade. O amor é o mais digno dos sentimentos, porque é a busca pelo ideal e pela perfeição! No entanto, só acontece do ponto de vista da representação. Como vontade, agora temos ferramentas para dizer: “o fim do amor é a união, o fim da união é a estabilidade de um casal, o fim do casal é a reprodução, o fim da reprodução é gerar filhos e, portanto, propiciar a propagação da espécie na existência.
Portanto, toda a questão do amor se sustenta na composição da próxima geração. A chave para entender as disputas amorosas do presente é esta força, este desejo irracional, que quer compor da melhor maneira possível à geração que sucederá a nossa. A representação do amor está submetida à vontade da pessoa, que aqui se submete à vontade da “espécie”. É a “vontade de vida”, em si mesma, se manifestando, sussurrando e muitas vezes gritando em nossos ouvidos. Porém, a vontade se utiliza das pessoas para seus próprios fins, somos como marionetes em suas mãos. Contudo, o amor é uma estratégia da vontade para nos iludir. Atrás do véu de Maya se esconde a verdade de toda paixão amorosa: “propagação do espetáculo irracional da vida”. Vale lembrar, que o véu de Maya é o nome dado pelos Hindus para a percepção da nossa realidade física. Maya é a deusa indiana que representa a ilusão em todas as suas manifestações.

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