15 de fevereiro de 2019

A CONVIVÊNCIA É UM APELO AO AMOR

Uma vida sem amor é como caminhar para a morte. Só o amor pode criar o individuo como sujeito, dando origem ao mundo humano. Nós somos um fazer-se constante, somos um projeto aberto ao futuro. O amor é o apelo que o outro nos lança para considera-lo como sujeito, como autor de sua própria vida, que deseja conosco construir o inédito, o novo, que seria impossível criar sozinho. É no encontro entre pessoas, é na convivência que se fazem as relações suplementares. Qualquer contato humano é um apelo ao amor. Os demais seres estão no mundo como objetos, como coisas e, as coisas são determinadas pela soma de suas características. Considerar o outro como a soma de suas qualidades e defeitos, como algo pronto e acabado, é enquadrá-lo como objeto e ignorar suas possibilidades.
No entanto, temos uma tendência a rotular o outro ao vê-lo como: "homossexual, pobre, prostituta, ignorante, negro, vagabundo, etc". Não respondemos aos olhares que eles lançam ao âmago do nosso “ser”, para que sejamos mais compreensivos, talvez esteja aqui o apelo ao amor e a sua dignidade, que já está arranhado pelo nosso preconceito. Amar é possibilitar ao outro e a nós mesmo o exercício da liberdade criadora do próprio “ser”. O amor transforma esse ser coisificado, humilhado, oprimido em um sujeito, plena de possibilidades. Se nosso olhar pudesse enxergar no outro não aquilo que a vida e a sociedade dele fizeram, mas olhá-lo em sua subjetividade, haveria a possibilidade de humanização permanente das relações humanas e das relações sociais. É o que faz o verdadeiro humanista? Da sempre ao outro e a si mesmo, uma nova chance e aposta no amor.
Portanto, somos um projeto de humanidade, mas tenho esperança que um dia vai emergir em nós esse humanismo verdadeiro, pois ele está na nossa essência. O apelo do outro, assim como o nosso apelo ao outro é silencioso, raramente traduzido em palavras é um desnudar, um despir da alma que se manifesta no olhar e desperta medo, porque o outro nos chama sem mascaras com aquilo que ele é e almeja conosco. Nós deveremos responder com todo o nosso ser, com o que somos e com o que almejamos ser. Porém, o amor é o mistério que faz com que a gente se perca sem defesa, no outro e o outro em mim, mas, ao nos perdermos um no outro, pelo dom de sentir e nos envolver nesse amor, nos encontramos e nos transformamos em liberdade e criação desse projeto que chamamos de humanidade. Contudo, o amor é a única força verdadeira de aproximação, união afetiva, envolvimento e responsabilidade. Amar é o cuidar um do outro. É no amor que encontramos o verdadeiro e fiel amigo.

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