24 de fevereiro de 2019

NÃO HÁ RAZÕES PARA O AMOR ACONTECER

Místicos, poetas e filósofos concordam que no amor não há razões para acontecer. Ângelus Silésius (1624-1677), foi um padre e médico católico alemão, conhecido como poeta místico e religioso medieval, disse que o amor é como a rosa: “a rosa não tem porquês, ela floresce porque floresce”. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. Repetiu a mesma coisa no seu poema: “as sem-razões do amor”. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento. “Eu te amo porque te amo”. Sem razões e não precisas ser amante e nem sempre saber sê-lo.
Todavia, o meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fossem assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra. Mas, não é isso que acontece, ele nasce e morre simplesmente. O amor é estado de graça e com amor não se paga. Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que: “amor com amor se paga”. O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada lhe devo. Nada me deves. Como diz o poeta nos seus versos: “como a rosa floresce, eu te amo porque te amo”. O amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse da lua. O amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Amor não se troca. Porque amor é amor por algo e nada mais. É feliz e forte em si mesmo.
Portanto, só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões. Pascal já dizia que: “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos. Destas razões escritas em língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento e se perguntava: “Como decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interiorA verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco”. O amor será isso mesmo? Um soco que o desconhecido me dá? A pessoa amada é metáfora de outra coisa. O amor começa por uma metáfora. O amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética. Contudo, na pauta da vida está o amor, o respeito e a honestidade.

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