5 de fevereiro de 2019

DO ISOLAMENTO A LOUCURA

Ao tomarmos conhecimento de nós mesmos como seres capazes de consciência e liberdade, percebemos nossas diferenças em relação ao restante da natureza. Passamos por alguns momentos de solidão e muitas vezes somos surpreendidos ao sentirmos desamparados em meio a multidão. Ser único e ímpar, tomar decisões e responder pela nossa vida, são fatos que provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação com o meu semelhante. Para o psicanalista, filósofo e sociólogo alemão Erich Fromm (1900-1980), ele argumenta no seu livro: “Psicanálise da Sociedade Contemporânea”, sobre esse estado cruel de abandono e desamparo que nós humanos de vez em quando sentimos e vivemos.
No entanto, o homem é um ser dotado de razão, portanto, vive consciente de si mesmo e de seus iguais, assim como do seu passado e das possibilidades de seu futuro. Esta consciência de si mesmo, como entidade separada de seu próprio e curto período de vida, do fato de haver nascido, sem ser por vontade própria e de ter que morrer contra sua vontade e mais sério ainda, antes daqueles que amamos ou estes antes de nós. Esta consciência da solidão e separação, de nossa impotência antes as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de nossa existência, apartada e desunida, uma prisão insuportável. Ficaríamos loucos se não pudesse libertar-nos de tal prisão e alcançar a harmonia com os nossos semelhantes, unir-se de uma forma ou de outra com eles e com o mundo a nossa volta.
Portanto, dessa nossa necessidade de união é que nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e desenvolvido pelos humanos para vencer o isolamento e escapar da loucura. O amor é fundamental para o ser humano e para a sociedade em geral. Sem amor, os humanos tornam-se áridos, incapazes de encantar-se com a vida e de envolver-se com os outros. Contudo, as pessoas não se sensibiliza com o abandono dos idosos, com a morte de crianças, com a miséria do povo, com a poluição, a destruição da fauna e o aquecimento do planeta, o roubo da cidadania e a morte dos ideais. Sem amor não há encontro, só nos resta à escuridão do individualismo, de pessoas incapazes de relações duradouras e profundas. Como bem disse o romancista e escritor brasileiro Guimarães Rosa (1908-1967), autor do livro: “Grande Sertão: Veredas”: “qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

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