22 de janeiro de 2019

NINGUÉM É INSENSÍVEL AO OLHAR DO OUTRO

Ao olhar para alguém, principalmente para uma criança, o nosso olhar a levará a fazer coisas além do que ela já vinha fazendo ou mesmo mudar de atividade. Olha-se para um adulto e ele também começa a fazer coisas diferentes, a favor ou contra, mas faz. De modo que, basta olhar para alguém analogamente, para que começamos a encenar. Por alguma razão o olhar do outro nos transforma. Dar atenção, nove vezes em dez, quer dizer olhar para algo que nos chama atenção. Vamos um pouco além. Dar atenção é um ato deveras transcendente pelas consequências que tem, assim como pelos efeitos advindos de sua ausência. Sem atenção, sem o olhar nada se desenvolve.

Se as pessoas não se olhassem, não mudariam como acontece quatro vezes em cinco nos casamentos, poucos anos depois. O primeiro sinal de que estou começando a desinteressar-me por uma pessoa é o fato de olhar para ela cada vez menos. Isso vale tanto para relações afetivas, como para encontros ou conversas casuais. Outro sinal de que alguém está interessado pode ser percebido pela insistência com que se busca no olhar. Dizendo de outro modo, a poderosa influência do olhar reside em sua capacidade de induzir no outro o papel complementar ao de quem determina o momento. O que cada um diz através dos gestos e palavras, exerce influência sobre o outro, de tal forma que essa pessoa é tão responsável e não só pelo que está sendo dito, mas, pelos olhares que estão trocando.
Portanto, o que está acontecendo é uma dança muito bem combinada (ou não) de movimentos, olhares, gestos e sons. São os corpos se comunicando quase sem verbalizar, através de olhares e insinuações prazenteiras. Quando nos entendemos bem com alguém, há uma dança das almas no olhar, nos gestos e sorrisos, ao som e ritmo da musicalidade da voz que compõe o diálogo entre ambos. Quando estamos encantados por alguém, a linguagem não é necessária. Voamos alto em direção a Deus. Esse é o momento ímpar em que estamos em estado de graça. Contudo, procuramos na simplicidade de gestos nobres, como um olhar que nos toca, um abraço que nos comove e um se cuida de coração aberto. “É no olhar que te vejo, no olhar te mexo e no olhar-te desejo”.

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