12 de janeiro de 2019

A VIDA É FEITA DE VERBOS

Depois de algum tempo meditando cheguei a seguinte conclusão: “a vida é feita de verbos; como o verbo amar, cantar, dançar, relacionar, viver, etc.”. Isto é tudo que nos move e nos coloca para cima. Porém, nada machuca mais do que quando um sonho é esmagado, uma esperança morre, o futuro torna-se escuro. A frustração representa uma parte muito valiosa no crescimento espiritual. Como argumenta o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), que no ser humano há um enorme gigante chamado “vontade” que carrega em seu ombro um pequeno anãozinho chamado “razão”. Ele quer dizer que o mundo é regido por uma grande vontade universal e que nós também possuímos parte dessa vontade. E tudo aquilo que percebemos do mundo, através da nossa vontade, nada mais é do que uma representação das coisas que chegam até nós. Por isso é que somos como somos.

Entretanto, não se pode amar alguém não livre, pois o amor só existe se dado livremente, quando não é exigido, forçado ou tomado. Quando há atração sexual e o ciúme entra em cena é porque não há amor. Há medo, porque o sexo é uma exploração do corpo. O medo se torna ciúme. Quanto mais controlamos, mais “matamos” o outro. As causas do ciúme estão dentro de nós; fora estão sós as desculpas. O amor não pode ser ciumento. Ele é sempre confiante. Confiança não pode ser forçada. Se ela existir, segue-se por ela. Senão, é melhor separar, para evitar danos e destruição e poder amar outra pessoa. Todavia, quando amamos alguém, confiamos que não quererá outro. Se quiser, não há amor e nada pode ser feito. Só através do outro tornamo-nos consciente de nosso próprio ser. Só num profundo relacionar-se o amor de alguém ressoa e mostra sua profundidade: “assim nos descobrimos”. Outra forma de autodescoberta, sem o outro, é a meditação. Só há dois caminhos para chegar ao divino: “meditação e amor”.

Portanto, o amor se relaciona, mas não é relacionamento, que é algo acabado. Ele é como um rio fluindo, interminavelmente. Há flores do amor que só desabrocham após uma longa intimidade. Relacionar-se significa que estamos sempre começando, sempre tentando nos tornar conhecidos. A alegria do amor está na exploração da consciência. Quando investigamos o outro, fazemos o mesmo conosco. Aprofundando-nos no outro, nos aprofundamos em nós mesmos. Tornamo-nos espelho para o outro e o amor torna-se meditação. Quanto mais descobrimos, mais misterioso o outro se torna: “o amor é uma aventura constante”. Quando estamos apaixonados, a linguagem não é necessária. A gente se comunica por telepatia. O amor não escraviza, não é possessivo nem exigente. Ele liberta, permitindo aos amantes voarem alto, em direção a Deus. Quando apreciamos nossa solidão, nos tornamos meditadores. Só quem é capaz de ser feliz sozinho pode contribuir com a felicidade de outro. Contudo, o amor é mais verdadeiro e autêntico do que nós. Todo caso de amor é um novo nascimento. O ego é como a escuridão, mas quando chega à luz do amor, a escuridão se vai.

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