28 de janeiro de 2018

O ANALFABETO POLÍTICO

Acredito que quando somos instruídos pela realidade, assimilamos e podemos pensar em mudanças significativas e democráticas, para o bem estar de um povo que luta arduamente pela sua sobrevivência. Mas sem educação, vamos continuar analfabetos. Vale lembrar que o pior analfabeto é o “analfabeto político”, já refletia sobre esse assunto no começo do século XX, o dramaturgo e poeta alemão Berthold Brecht (1898-1956), que dizia: “Ele não ouve, não fala, nem participa de eventos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe e da farinha, do aluguel, dos sapatos e da saúde, tudo depende de decisões políticas. O analfabeto político é tão estúpido que é com orgulho que afirma odiar política. O imbecil não imagina que é da ignorância política que nascem as prostitutas, as crianças abandonadas, os piores ladrões de todos os péssimos políticos, corruptos e lacaios de empresas nacionais e multinacionais”.

No caso do Brasil, infelizmente, o jogo é comprado, vence quem paga mais. A única coisa que vira o jogo é uma avalanche de dinheiro. O poder transforma dinheiro em poder. É um sistema de engenhosidade formidável, complexo e encantador. A grande farsa na política brasileira é pautada por interesses partidários. Não é privilégio de um partido só, mas de todos os partidos que de alguma forma estão no poder. Adoraria acreditar que somos todos honestos, pessoas pautadas na ética e governadas por ladrões. Como dizia Carlos Lacerda (1914-1977): “Somos uma nação de trabalhadores honestos governados por ladrões”. Achamos que estamos isentos da corrupção, e que os políticos lá de cima é que são problemáticos. No entanto, a corrupção está em todos segmentos: na educação, no futebol, na saúde, na segurança, etc.

Não existe governo corrupto numa nação ética, assim como não existe nação corrupta com governo transparente e democrático. Há sempre um jogo entre nação e governo. Porém, as nações onde o trânsito funciona, como na Suécia, onde se paga os impostos mais baratos e corretamente. Em geral, nestas nações o governo é mais transparente e realmente governa para o povo. Por conseguinte, fica claro para nós, que a corrupção é um mal social, coletivo e não apenas do governo. Ficaríamos muito felizes se todos os problemas, estivessem concentrados num único partido. Este partido não está mais no poder no momento e as denuncias de corrupção continuam chegando de outros partidos também. Por que não afastar esses partidos do poder? Não estamos num regime democrático de direito? Na democracia a Lei vale para todos, ou não?

Portanto, tudo é motivo de discussão neste país, menos uma única coisa, que não se discute nunca: “a democracia”. E a democracia está aí como se fosse uma espécie de “santa no altar”, de quem esperamos um milagre. Mas que está aí como uma referência e ninguém percebeu que a democracia que vivemos é uma democracia sequestrada, condicionada e amputada. Porque o poder do povo, limita-se na esfera política de tirar um governo que não gosta e colocar outro que presumivelmente venha a gostar. No entanto, as decisões políticas são tomadas numa outra esfera, fora do alcance do povo. Como estamos assistindo neste momento no Brasil. Nenhuma política é democrática, com raras as exceções. E como podemos continuar a falar em democracia se aqueles que governam o país, não são legitimamente democráticos? Então, onde está a democracia? Se para todos os lados que olho, vejo corrupção? É o governo que está em jogo ou é um comportamento social do qual o governo também faz parte? Contudo, dizia o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980): “a mulher feia que é fiel ao marido, você nunca saberá se é opção dela ou do mercado”. Assim como nunca vamos saber se um partido político é honesto por convicção ou por falta de oportunidade no poder. Infelizmente, somos uma nação mergulhada na corrupção.

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