21 de janeiro de 2018

O RIO ANDA E O HOMEM CORRE

O homem compartilha da mesma natureza com o rio, porém o rio anda e o homem corre no seu dia a dia, em busca de uma satisfação insaciável. Como argumenta Jean Jacques Rousseau: “o homem por natureza é bom, mas a sociedade o corrompe gerando desigualdade social, escravidão, violência e tirania”. Tornou-se simples as pessoas dispensar uma boa prosa, porque a amizade parece não significar mais nada nos dias de hoje. Mudamos de amigos sem pensar muito nos benefícios que aquele nos trouxe. Como disse o filósofo francês Michel Foucault: “o homem é uma invenção recente e já fadado a desaparecer”. Criamos espaços para a solidão, mesmo entre amigos.

Tornou-se fácil dispensar o amor, parece que os sentimentos perderam a validade. Nós desritualizamos a separação e banalizamos a dissolução dos laços afetivos. Vivemos um modelo afetivo em decadência, a interação foi perdida. Cria-se um laço afetivo, fortalece esse laço e de um momento para outro, tudo isso acaba. O amor é uma palavra que está quase perdendo o sentindo na nossa cultura. É comum no Facebook, além das pessoas comunicarem a beleza da sua existência, postarem banalidades para obter centenas de comentários e curtidas. Desde um bom dia com café da manhã e uma mesa farta, até a postagem sobre transplante de fezes. Quem ler e curtir isso vai ter uma reação de fígado. Isto é só uma pequena amostra da miséria humana.

Quando atropelamos a vida, sofremos as consequências mais adiante. Há uma disponibilidade sem procedente na história de opções amorosas, de consumos nas baladas noturnas, que faz com que estejamos seduzidos. Tendo em vista, que ninguém é cem por cento feliz nessa história. Aquele que está infeliz na sua subjetividade, torna-se presa fácil para os sedutores de plantão. E muitos vão buscar nas baladas, entre um drinque e outro, nos embalo do rock pop, acreditando que está descobrindo a alegria de viver e a felicidade permanente. Pura ilusão! Está matando uma parte da sua natureza que habita o corpo. A bebida alcoólica é um inibidor do sistema nervoso, ela destrói sua autoestima.   

O filósofo e fenomenólogo francês Merleau-Ponty, diz num dos seus textos: “o corpo é o berço de todas as nossas significações”. Na verdade, tudo que temos em nós de emoções, de conhecimentos, tudo isto teve que começar no corpo. É pelo prazer e pela dor, por todas as sensações corpóreas, que a vida nos visita e tece lá dentro a nossa intimidade. O corpo é o templo da alma. O nosso mais profundo mistério, o chamado principio vital. Que fagulha é essa que acende a vida? De que usina jorram as energias que mantém o coração batendo? Diante deste mistério, por que não seguir o rio? De quem o homem corre, a não ser dele mesmo. Buscamos lá fora o que está dentro de nós.

A partir das redes sociais o homem ganhou o mundo e ao mesmo tempo cerceou a sua paz. Rede social é um negócio muito perigoso, pela liberdade de postar o que quiser. Passa uma ideia falsa de felicidade, que não existe em lugar nenhum do mundo. A internet funciona como um escudo e fica fácil para você agredir alguém. Sempre que penso nas redes sociais, assim como muita gente boa pensa igual, cujo objetivo é outro. Aqui falo dos temas que mais me atrai que é o amor, a natureza e as relações humanas. Porque acredito que só o amor faz as pessoas evoluírem espiritualmente. Encaro essas minhas posições como uma luta. Trago no fundo do meu coração a alegria e a esperança, de que estou semeando as melhores sementes, para ver um mundo mais humano.

Portanto, parece que o amor ficou fora de moda e o sexo tornou-se mais atraente. Podemos dizer que pertencemos à geração do descartável. Amizade e amor deixaram de ser para sempre. Estamos às vésperas do prazo de vencimento das relações afetivas. Os relacionamentos estão cada vez mais fragilizados e desumanos. A confiança no outro está cada vez mais perto de terminar definitivamente. Os seres humanos estão sendo usados por eles mesmos. Vivemos dentro de uma sociedade onde tratam as relações como superficiais e descartáveis. O homem corre e o rio anda. Afastamo-nos cada dia mais do nosso habitat natural. Experimentamos na separação a vivência da morte numa situação vital. A morte do outro em minha consciência e a vivência de minha morte na consciência do outro. O dia que o rio parar, o homem para de respirar. Quando esse dia chegar, acabou-se o tempo para amar. Ame o agora.

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