10 de dezembro de 2017

O DESPERTAR FEMININO NO PRAZER TÂNTRICO

Na verdade, o Tantra é uma filosofia hindu milenar. Seus preceitos se baseiam na ideia que o corpo é um meio para o conhecimento, e a nossa consciência reside também nele e não só na nossa mente. Por isso o corpo é merecedor de atenção, reconhecimento e respeito. O Tantra percebe o corpo como uma ponte que liga a terra ao transcendental. Dessa maneira, tudo que o corpo vivencia e nos proporciona em termos de sensação deve ser tratado como fonte de autoconhecimento e conexão com o mais superior de nós mesmos. Por conta desses preceitos, o Tantra é considerado uma filosofia que afasta a possibilidade de qualquer repressão, que são impostas ao nosso corpo, nossos desejos e sensações pela cultura, pelas religiões e pela moral. O Tantra propõe uma cura através do prazer consciente e consequentemente da ativação da nossa energia sexual.

A grande questão a ser respondida é que todos os grandes pensadores da humanidade, sempre se referiram ao sagrado feminino com inferioridade e desdenho, como se a mulher existisse somente para procriar e servir ao seu senhor. O caminho percorrido para que as mulheres chegassem até os nossos dias em iguais condições com os homens e assim ser reconhecida, foi uma luta árdua e penosa. De modo que na filosofia Tantra Hindu, a mulher é considerada a “sacerdotisa do amor”, porque é com ela que os homens de boa vontade aprendem a “arte de amar”. Tem algo mais pleno e soberano que esse encontro com a deusa do amor? O Tantra nos revela que só a mulher é capaz de sentir prazer em qualquer parte do corpo, com muito mais intensidade do que os homens. Não é por acaso que na filosofia tântrica a mulher é considerada a professora do amor romântico, pela sua capacidade de intimidade amorosa com o seu homem.

Vale lembrar que a mulher se prende com muita facilidade aos estímulos românticos, enquanto o homem aos estímulos físicos. Desde a paquera até a cama quem dita às regras é a mulher. As mulheres sabem da suscetibilidade sexual dos homens. Talvez seja esse um dos pontos críticos do Tantra Hindu, saber prolongar o prazer sexual. Isto tem despertado muita estranheza nas pessoas e principalmente nos homens que tem muito que aprender com as mulheres a arte de vivenciar o sexo amoroso. Para quase todos os homens é impossível manter um controle no momento da intimidade com sua amada. Na hora da cama, do sexo, um número significativo de homens vira meio que bicho, afoito vai direto ao estímulo final a ser alcançado que é o orgasmo. A mulher até permite para ter o carinho do seu amado. Invariavelmente a mulher é obrigada a fingir orgasmo só para agradar o seu homem que reclama caso ela não sinta algum prazer.

Com o sexo tântrico não é assim que acontece. Aqui o sexo não é praticado visando o orgasmo. O que interessa aqui é atingir um estado de consciência maior sobre o corpo do outro. A prática não quer apenas potencializar o orgasmo e intensificar o prazer. É muito mais que isso, é espantar a afobação ao concentrar e espalhar a energia sexual pelo corpo inteiro. No entanto, a mulher por natureza é Tantra. Pelo simples fato de experimentar um ciclo sexual demorado, caso aceito e aproveito, posso dizer que estou me fazendo tântrico. De modo que se acompanhar o desenvolvimento natural da sexualidade e deixar amadurecer no sentido de ir aprendendo com ela, em vez de fixa-la em um padrão único e monótono, como faz a grande maioria dos homens modernos, esse aprendizado torna-me tântrico mesmo sem pretender ser, e mesmo sem treinamento.

Portanto, a sexualidade também amadurece com o tempo e pode ser aprendida, claro que evidentemente se o indivíduo conquistar liberdade e condições para isso. O mais difícil é vencer o preconceito que existe em torno desse assunto sexualidade. Se livrarmos de tudo o que é dito sobre o envelhecimento sexual, então qualquer pessoa, tanto homem quanto a mulher chega quase naturalmente ao Tantra. Podemos concluir que a mulher está ano luz na frente do homem na questão da sexualidade. Ela é capaz de sentir prazer em qualquer parte do corpo. Ela é uma lição para muitos homens que são diretos e precários no momento da relação amorosa. Contudo, não existe mulher fria, existe homem incompetente ou homem desinteressado. Assim, como não existe homem impotente e sim mulher incapaz de despertá-lo ou desinteressada. Vale dizer, que só o contato amoroso pode nos salvar através do prazer concreto, cutâneo, sensorial e afetivo. Enfim, Tantra é amor, é vida, é prazer e é transmutação. É o encontro vivo com a divindade. 

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