13 de dezembro de 2015

VIVER É DAR SENTIDO E VALORIZAR A VIDA

Biologicamente compreendemos a vida em nascer e morrer. Mas se quiser mudar o pensamento para uma visão mais filosófica, nós aparecemos e desaparecemos e não sabemos muito bem como, por mais que estude do ponto de vista mecanicista cartesiano. O fato é que uma hora vamos desaparecer e não sabemos quando e nem para onde iremos. Sabemos que vamos morrer. No entanto, morremos sem saber. Tudo que se fala em torno da morte é pura especulação, crença e fé. Existir é tarefa, consciência, responsabilidade, liberdade e, por isso, também é festa e alegria. No entanto, existir é coexistir, isto é, estar no mundo com os outros. Sobretudo, por responder ao apelo a vida, ao desejo da perfeição, de harmonia e de felicidade.

Mas existir é também crescer, amadurecer e isso produz sofrimento, inquietação, angústia. E tais coisas são normais, fazem parte da vida e o importante é a sua superação. Daí a importância dos valores. Nós usamos a palavra valor para muitas coisas, como dinheiro, vestuário, a vida moral, a religião, etc. É comum dizer que viver vale a pena, que há comportamentos, atitudes e ideais valiosos. No entanto, valor é uma qualidade de certos comportamentos ou ideais que uma pessoa tem. Valor é o bem, o belo, aquilo que está nas coisas que apreciamos e gostamos. E viver é dar sentido e valorizar as coisas que buscamos pela vida afora. É certo que a existência tem sentido. Nós é que devemos procurá-la e vivê-la. Só assim a vida vale a pena enquanto a vivemos.

Quando nos desgostamos diante de atos, atitudes, ideais, nós criticamos tudo e a todos. Todos têm uma escala de valores, isto é, uma hierarquia, onde há os valores mais dignos, os médios e os menores. Como é que a gente vai ser feliz se coloca como valor mais alto algo que não satisfaz? Algumas pessoas colocam coisas materiais como a única medida da felicidade. Mas onde fica a amizade e o companheirismo? Se a gente perguntasse a um jovem hoje o que ele prefere: ser um santo ou um super herói? É provável que ele respondesse seco: um super herói. Se num questionário fizesse a seguinte pergunta: você quer ser rico, não importa como, ou ser honesto? A resposta provável seria ser rico. Outro dia ouvi de uma jovem o seguinte comentário: “faço somente o que quero e quando quero”, tendo em vista que essa jovem não estuda e nem trabalha. Ela mal deslumbra que a vida social é uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados. Isto significa a não valorização da própria existência.

Vivemos um mundo que não há mais certeza. Venho de uma geração onde tudo era sólido, a começar pelas relações afetivas. Uma das características da modernidade líquida é que o aqui e agora não junta mais corpo e alma, nós não temos mais consciência e presença física neste momento. Temos um mundo intermediado pela tecnologia, um mundo que cada vez mais depende dessa tecnologia e essa liquidez atinge naturalmente os valores. É melhor educar os filhos com grande clareza de princípios ou educá-los numa escola construtivista e mais livre? São duvidas que nós temos e que os nossos pais e avós não tiveram. Como educador para acalmá-los digo: tanto faz não da certo de qualquer jeito. Para os jovens nós erramos sempre. Ou seja, temos um mundo diluído pelos valores como: amor, respeito, amizade e autoridade. Fui aluno numa época quando o professor tinha toda a razão, hoje sou professor onde o aluno é que tem razão.

Digam a alguém que está cansado, prontamente ouvirá, eu também. Muito comum nas relações afetivas dizer um ao outro, estou triste com você, o outro, eu também. Sinto que você não me ama mais, eu também sinto. É uma concorrência permanente. Ninguém ouve ninguém, somos totalmente individualistas. Além de não escutar o outro, não conversamos, falamos o tempo todo como papagaio. Qualquer dado que der sobre educar minha filha que tem dezoito anos, o outro vai dizer e daí, a minha tem onze anos. Ou seja, ninguém quer saber de ouvir. Somos obrigados a ser felizes e não ter problemas. A sociedade como um todo, quer dinheiro, status, poder, usufruto de todos os bens, sem olhar para os valores humanos, porque é mais lucrativo levar vantagens, do que ser um bom caráter.

Portanto, a nossa sociedade parece um grande shopping de vendas de valores materiais, de violências mostradas pela mídia em geral, de individualismo e relativismo de valores. O que interessa é o poder e os lucros em grande escala, sem se importar com os valores éticos e morais. Mas, o ser humano está feliz? Ora, a felicidade só acontece quando o ser humano pode viver as várias dimensões ou faces de sua existência, como a material (comer bem) a afetiva (viver o amor tântrico) e o espiritual (estar em sintonia com a divindade). E isso requer a vivência da diversidade de valores que corresponde às várias necessidades do ser humano. Fui educado para um mundo que hoje não existe mais. Mesmo assim procuro dar sentido a tudo que faço na vida e valorizo o tempo que ainda me resta para viver. O mundo não acabou só trocamos de mundo. São as novidades que estão acabando.

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