3 de setembro de 2021

SERÁ ÉTICA A NOSSA PAIXÃO PELO MEIO AMBIENTE

A palavra “ecologia” é derivada do grego “oikos”, que significa ”casa“ e, ”logos“ que significa estudo. Entretanto, juntando as duas palavras gregas e fazendo a tradução etimológica para o português que quer dizer: ”estudo da casa“. No sentido mais amplo, pode-se considerar o termo casa como todo o ambiente terrestre; a palavra ecologia, então passa, a se referir ao estudo do ambiente. Vamos então refletir sobre essa casa ambiental.

Todavia, nunca em nenhum momento da história, a questão ambiental esteve tão em evidência aos olhos da civilização humana, como está atualmente. O que justifica essa mudança tão repentina? Para uma espécie que, na sua relação com a terra, acostumou-se a retirar dela o que precisava para sua existência material, cultural e porque não dizer simbólica.

Será ética e verdadeira a nossa paixão pelo meio ambiente, pelos outros seres vivos, incluindo nossos semelhantes? Na verdade, estamos falando de solidariedade universal, do respeito ilimitado a todo o organismo vivo que anima esse planeta. Existe de fato responsabilidade frente às consequências dos nossos atos e do cuidado que se caracteriza como uma relação amorosa, carinhosa, de ternura, bondade e amabilidade perante as coisas e as pessoas da nossa casa comum, que é esse planeta terra?

Na verdade, somos seres que vivem na pele dessa pérola chamada terra. Então, me intriga pensar nessa forma de amar a natureza. Seria, pois uma paixão e não um amor a terra, no qual o que está em questão é se estamos sendo prejudicados ou não nessa relação? Nosso eco paixão é um estado de satisfação individual?

Entretanto, somente os apaixonados saberão a intensidade da analogia que me proponho a fazer. No estado de paixão nos apossamos do outro como objeto que, em alguma medida, nos pertence e usamos ou somos usados por ele. É um jeito de gostar intenso e de adoecedor o outro. Quando amamos verdadeiramente, queremos ver o outro bem e feliz. Ocorre-me pensar que num estágio patológico, de gostar do outro, sua destruição também nos satisfaz.

No entanto, isso é gozo e não desejo, ou seja, o outro lado do mal. Quantos relacionamentos sofrem dessa inversão afetiva, isto é, do amor ao ódio e a descoberta do não amor, da indiferença. Nas nossas almas, onde moraria esse amor à oikos, nossa casa terra? Vivemos humanamente na casa comum a todos? Parece que nosso discurso teórico está desconectado da pratica. Falamos mais do que fazemos.

Portanto, compaixão seria entender e dividir o sofrimento do outro. Estaríamos dispostos a ter compaixão pela terra que hoje está adoecida, pelos pobres, pelos miseráveis e famintos do mundo? Contudo, encerro essa reflexão, deixando o seguinte pensamento. Será que a forma de como nos relacionamos com a nossa casa, com nossa maneira de morar nela e de nos relacionarmos com os nossos semelhantes e seres de outras espécies, realmente está correta? Vamos juntos pensar nisso?

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