28 de abril de 2021

A RAPOSA ENSINA O QUE É CATIVAR

Uma das personagens mais importantes da história contada no livro: “O Pequeno Príncipe (1943), do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), é a raposa. A raposa transmite uma série de reflexões sobre como nos relacionamos com os outros. É através dela que o pequeno Príncipe aprende, por exemplo, o que significa cativar alguém.

E foi então que apareceu a raposa: - Bom dia, disse a raposa. - Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada. - Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira. - Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita. - Sou uma raposa, disse a raposa. - Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste. - Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.

Logo que a raposa aparece na história ela introduz um conceito profundo que, até então, não havia sido levantado. A raposa se recusa a brincar com o pequeno príncipe assim que o conhece argumentando que ainda não foi cativada. O menino, no entanto, não entende o que cativar significa e logo pergunta “Que quer dizer ‘cativar’?” Através da pergunta a raposa percebe que o pequeno príncipe não é dali e tenta ajudá-lo, perguntando o que ele procura. O que o menino diz que quer encontrar são homens, para fazer amigos. É a partir dessa interação que a raposa começa a filosofar.

Depois de muito insistir na pergunta sobre o que é cativar, a raposa responde que cativar significa “criar laços” e destaca que esse conceito vem sendo muito esquecido nos últimos tempos. De uma forma sutil, ela faz uma “crítica à sociedade”, dizendo que os homens estão cada vez mais distantes uns dos outros e, como têm sempre pressa, não têm tempo para conhecer a fundo o que está ao seu redor. A raposa, para explicar o que é cativar, mostra como uma criatura se diferencia de todas as outras quando se torna importante para nós:

Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo.”

Sendo assim, aos sermos cativados, segundo a raposa, passamos a depender do outro e a vê-lo como essencial na nossa vida. A raposa é uma personagem, portanto, que traz para a história elementos importantes, que nos relembra do que é essencial, que fala sobre as relações que criamos e sobre os laços que desenvolvemos com aqueles que amamos.

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