13 de abril de 2021

A CONVIVÊNCIA ENTRE PAIS E FILHOS

Se as relações humanas não forem recíprocas, certamente serão de opressão ou de exploração. Se eu faço a minha parte, cabe ao outro fazer também. Se eu trato bem, cabe ao outro me tratar bem. Se vamos cooperar num trabalho, cada um faz a sua parte. Na família esta situação é muito evidente. De um lado as mães fazem demais, sem exigir nada dos filhos, e quando exige é sempre o mesmo absurdo, nos conselhos intermináveis que não se realizam nunca. Elas fazem cobrança falsa que não funciona. Contudo, não estão educando e sim criando filhos egoístas, que não conhecem limites, não respeitam os mais velhos, tratam os demais membros da família com grosseria e indiferença. As mães cobram, nós sabemos, mas cobra errado.

O bom desenvolvimento e o equilíbrio da personalidade dos filhos são a bondade e a firmeza. A bondade gera confiança, a firmeza gera segurança. Pais que pensam em ser bons, mas não usam de firmeza, são dominados pelo egocentrismo dos filhos. E pais que só usam de firmeza, sem o uso da bondade, são autoritários, geram medo, mentira e desconfiança. Outro valor que considero indispensável para o bom relacionamento é o respeito. Respeito para consigo e para com o outro. Quando os filhos perdem o respeito pelos pais é porque os pais já o perderam por si próprio, ou seja, não se fazem respeitar e não respeitam. Respeito é um valor, mas todo o valor só da frutos se for cultivado.

Considero também importante à questão dos limites nos filhos. O escritor, médico e sacerdote João Mohana (1925-1995) expressa bem isto. Ele diz num de seus escritos: “o pai e a mãe que têm medo de causar complexo, recalque, frustração, e sob tais pretextos deixam os impulsos fazerem tudo o que querem precisamente estes é que ficam com a casa cheia de complexados, recalcados e frustrados. A vida é quem se encarrega dessa operação”.

O terapeuta Robert Hoffman (1921-1997), conhecido pela sua capacidade intuitiva incomum, acreditava que o amor incondicional era um direito de nascença de todos os seres humanos. Diz ele que a criança, o adolescente e o próprio jovem precisam sentir o peso da autoridade dos pais para que recebam a orientação adequada e adquiram segurança para enfrentar a vida. Se não houver isto, criarão amorfos, sem fibra, egoístas e prepotentes indisciplinados e incapazes de um ato de renúncia ou desprendimento. A grande arte de educar está no saber equilibrar a autoridade com a liberdade, sem confundi-las com autoritarismo nem liberalismo.

Portanto, a liberdade educa, mas a liberdade conquistada, não a liberdade dada. O filho deve conquistá-la e os pais devem da-la aos poucos, em prestações, deve ser concedida à medida que este responde com responsabilidade a confiança depositada nele. Assim sendo, a relação se torna mútua. Contudo, falar de relacionamento entre pais e filhos é algo muito bonito, porém, muito difícil, porque é uma arte. Não é simplesmente falar de um fazer, mas é falar de uma vivência. Não se faz uma relação, mas se vive uma relação.

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