11 de março de 2021

NOSSA POLÍTICA CHEGOU AO FUNDO DO POÇO

O ex-presidente Lula fez nesta quarta 10/03/2021, um dos melhores pronunciamentos de sua carreira política. A sua síntese para a gente sair do atoleiro econômico pode não ser a melhor porque o Estado não tem como investir. Não estava ali, no entanto, expondo um programa de governo. A fala de Lula conferiu dignidade à política. Isto é tudo que precisamos para ressuscitar a democracia, que a muito se perdeu.   

O cadáver adiado da velha democracia até pode indagar: "Que país é este em que recebemos lições de um ex-presidiário?" É aquele que assistiu calado, quando não estava aplaudindo, à escalada de ações ilegais de Sergio Moro, alçado à condição de herói nacional e saudado com frequência por sua habilidade em ignorar as garantias legais. Afinal, seu propósito seria nobre: “caçar corruptos”. É o país que viu o doutor confessar em embargos de declaração que nem mesmo era o juiz natural do caso do tríplex.

Vivemos anos de insanidade judicial, de loucura mesmo! E caímos no atoleiro que aí está. Lula passou 580 dias preso. Edson Fachin, o mesmo ministro do Supremo que anulou todos os processos que corriam na 13ª Vara Federal de Curitiba por reconhecer, finalmente, que Moro não era o juiz natural das causas, liderou os seis votos que mantiveram o ex-presidente na cadeia em abril de 2018 — nesse caso, ao arrepio do que dispõem a Constituição e o Código de Processo Penal. Assim, se você quiser saber que país é este que recebe lições de um ex-presidiário, convenham: “a pergunta deve ser dirigida àqueles que contribuíram para coonestar a farsa”.

Portanto, vivemos a fase do delírio punitivista, pouco importando o que fizessem os procuradores da Lava Jato e o juiz. Afinal, havia um objetivo maior, que se sobrepunha ao devido processo legal: “combater a corrupção”. Como argumenta o jornalista e colunista da Folha de São Paulo e da Rádio Band News FM  Reinaldo Azevedo: “E muitos se desinteressaram de saber quais meios eram empregados para supostamente atingir esse fim. Sim, é preciso que a imprensa se pergunte que papel desempenhou nesse desastre”.

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