16 de março de 2021

EDUCAR FILHOS É PREPARÁ-LOS PARA A VIDA

Um dos filmes mais bonitos e comoventes dos últimos anos, Cinema Paradiso. É um drama italiano de 1988 escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore. Ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Foi um grande sucesso de bilheteria em muitos países e também no nosso. Quase todas as pessoas que conheço choraram em algumas partes do filme. A cena que provocou lágrimas no maior número de espectadores é aquela na qual o velho, que é o pai espiritual e sentimental do rapaz, que lhe ensinou quase tudo o que sabia da vida até então, diz a ele que se prepare para partir do vilarejo rumo à cidade grande: “Vá e não olhe para trás; não volte nem mesmo se eu te chamar”.

O pai manda embora o filho adorado e “ordena” a ele que vá em busca do seu caminho, do seu destino, dos seus ideais. Lembrei da minha história pessoal e lamentei, com enorme tristeza, que eu jamais tivesse ouvido coisa parecida. Parece que eu havia nascido essencialmente para realizar tarefas que fossem da conveniência da minha mãe, tendo em vista, que não conheci o meu pai. Ela jamais me estimulou a sair de perto dela, ainda que pudesse achar que partir seria bom para mim. Ela entendia que eu tinha que voar; mas, como isso era inconveniente e doloroso para ela, optava por me impor o que fosse melhor para ela. Lamentavelmente para a sua decepção, consegui romper o cordão umbilical que nos unia.

Agora, a forma mais sórdida e maldosa que existe de dominação é aquela que se mascara, que se traveste de grande amor e superproteção. A criança — e depois o jovem é tão paparicado, que não desenvolve os meios necessários para se manter sobre as próprias pernas. É evidente que, dessa forma, jamais poderá partir para longe dos pais. Foi carregado no colo o tempo todo e suas pernas ficaram, por isso mesmo, atrofiadas. Não pode andar por seus próprios meios e é dependente da família para a vida toda. Além da falta de respeito e maus tratos que eles submetem aos pais.

Portanto, pais fracos e inseguros fazem isso porque, na realidade, querem os filhos perto de si, exatamente como se fazia no passado. Querem os filhos por perto para darem sabor e sentido às suas vidas pobres e vazias. Querem seus filhos sem asas e incapazes de voar por conta própria. Não prepararam seus descendentes para voarem seus próprios voos e buscarem seu lugar na terra. Em nome do amor — o que é mentira — geram parasitas, uma criatura dependente e egoísta que só pensa nele, e ainda por cima exigem seus direitos de filhos. A coisa é mais grave do que era no passado: antes o filho era proibido de partir. Hoje, é permitido que parta, mas ele não tem pernas para isso! Pois, foi transformado pelos pais num incompetente crônico.

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