16 de maio de 2018

CONHEÇA-TE PARA MELHOR CONVIVER

No século quinto antes de Cristo vivia em Atenas, o sábio filósofo Sócrates. A sua filosofia não era apenas uma teoria especulativa, mas a própria vida que ele escolheu viver. Aos setenta e tantos anos Sócrates foi condenado à morte, sob a acusação de corromper os jovens com os seus ensinamentos, embora fosse inocente. Todavia, enquanto aguardava no cárcere, o dia da execução, os seus discípulos e amigos moviam céus e terras para livrá-lo da morte. O filósofo, porém, não moveu um dedo para evitar esse final triste. Pelo contrário, na sua serenidade e paz de espírito aguardava o momento de beber o veneno mortífero. Na véspera da execução os amigos e discípulos conseguiram subornar o carcereiro, que logo abriu a porta da prisão.

O mais crítico dos discípulos de Sócrates, Críton entrou na cadeia e disse ao mestre: “Foge depressa”! Perguntou Sócrates: “Fugir por que”? Prontamente indagou Críton: “Ora, não sabes que amanhã vão te matar”? Sócrates seguro de si argumenta: “Vão matar-meNinguém pode me matar”! Insistiu Críton: “Sim, amanhã terás que beber a taça de cicuta mortal. Vamos mestre, foge depressa para escapares da morte”! Responde o condenado: “Meu caro amigo Críton, que mau filósofo és tuPensa que um pouco de veneno possa dar cabo de mim”. Sócrates continua: “Pois o que eles vão matar é esse invólucro material, o meu corpo e não a mim, os meus pensamentos vão perdurarEu sou a minha alma. Ninguém pode matar Sócrates”! E ficou sentado com a porta da prisão aberta, enquanto Críton se retirava chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou estranho idealismo do mestre.

No dia seguinte, quando o sentenciado já havia bebido o veneno mortal e sue corpo estava começando a desfalecer, pois, aos poucos o mestre ia perdendo a sensibilidade, ainda perguntou-lhe, entre soluços o discípulo: “Sócrates, onde queres que te enterremos”? Ao que o filósofo, semiconsciente murmurou: “Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates. Quanto a esse meu invólucro, enterrai-o onde quiserdes. Não sou eu que estão enterrando, pois eu sou a minha alma”. Foi através da frase: “Conheça-te a ti mesmo”, que esse homem descobriu o segredo da felicidade na arte de conviver, que nem a morte lhe pode roubar. Com essa frase Sócrates nos remete a uma profunda reflexão sobre a convivência feliz, em plena harmonia com o “Eu divino”, sobretudo, porque o desejo universal é a felicidade.

Portanto, nunca ninguém se arrependeu de se calar quando o outro falou mal e duvidou da sua integridade moral. Mas, milhares se arrependeram de ter falado mal na tentativa de minar a confiança no outro, em vez de calar-se. O vicio da maledicência é fonte abundante de infelicidade na convivência diária. De modo que, não só pelo fato de criar discórdias sociais e pessoais, mas também e principalmente, porque debilita o nosso organismo espiritual e nos predispõe para novas enfermidades. A consciência tranquila de uma benevolência sincera, verdadeira, do coração e universal é a mais segura garantia de uma profunda e imperturbável felicidade. Contudo, fazer o bem sem olhar a quem faz e muito menos se gabar porque ajudou alguém. Amar é cuidar, proteger e não escandalizar o outro. Só quem pratica a paz e o amor, pode-se considerar um iluminado. O amor que nos move é o que nos torna feliz, para melhor conviver com o próximo. Tudo que tem vida é o teu próximo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O DISPERTAR DA INTELIGÊNCIA NO HOMEM

“ Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará ”. Palavras ditas por Jesus Cristo. Para o filósofo e educador Humberto Rohden, somente at...